Não bastasse o fato de a qualidade do serviço prestado pelas operadoras de telefonia fixa e Internet banda larga ser questionável em praticamente qualquer lugar do Brasil, os consumidores ainda precisam conviver constantemente com sinais interrompidos por causa de furtos de cabos. Matéria publicada pelo jornal no último domingo mostrou que em três meses já foram registrados 62,6 quilômetros de fios retirados nas dez cidades do Alto Tietê apenas nos três primeiros meses do ano. A maior parte das ocorrências foi constatada em Suzano (19,3 km) e em Mogi das Cruzes (15,5 km).
Há anos que essa prática criminosa tem atraído muitos marginais. Com a escassez e o elevado custo do cobre, muita gente sem escrúpulo acabou enxergando no furto de cabos um "ótimo negócio". E se há quem se interesse em se arriscar cortando fios de postes, tanto pela possibilidade de receber uma forte descarga elétrica quanto por poder ser preso em flagrante, existe, principalmente, quem compra esse tipo de material no "mercado negro".
O pior é perceber que mesmo depois de tanto tempo com ocorrências assim surgindo a torto e a direito as autoridades não conseguem inibir os marginais e colocar um freio nessa prática danosa. Na maioria das vezes, os furtos acontecem em locais distantes, periféricos e em zonas rurais, justamente em regiões onde não há tanto movimento de pessoas como em centros urbanos. Parece ser difícil mapear os locais e antecipar a atuação dessas pessoas com policiamento ostensivo. Ainda assim, também se registram casos que ocorrem em bairros não tão distantes das áreas centrais.
Quem fica no meio de tudo isso é o consumidor, o cliente da operadora que, de repente, é surpreendido pela interrupção do serviço de telefonia ou de Internet na sua casa sem saber o por quê. Muitas vezes as empresas não informam claramente o motivo e daí passam-se dias até descobrir que se trata de furto de cabos e não de simples problemas na transmissão, por exemplo, principalmente quando a Imprensa é acionada pelo consumidor e cobra a operadora, o que acaba acelerando os reparos.
Quem tem Internet banda larga por meio de cabos de fibra ótica, instalados no subterrâneo, não passa por essa situação. Mas quem tem aquela tradicional, via cabeamento comum, está sempre sujeito a isso. O que se espera são ações conjuntas das operadoras e das autoridades policiais para conseguir reverter esse quadro, bem como investimento de verdade em tecnologias mais avançadas. Já passou da hora de algo ser feito.