O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse ontem que nunca tentou impedir que o senador Delcídio do Amaral (Sem partido-MS) assinasse acordo de delação premiada. Segundo ele, a conversa com o assessor do senador, José Eduardo Marzagão, partiu dele e não foi um pedido da presidenta Dilma Rousseff (PT). O senador pediu ontem a desfiliação do PT.
Segundo Mercadante, trechos importantes de sua conversa com o assessor de Delcídio foram omitidos na transcrição do áudio divulgado na Imprensa. "Se vocês olharem o áudio do que foi transcrito, tem trechos fundamentais que não foram devidamente relatados. Em um trecho eu digo 'não estou nem aí se vai delatar ou não, não estou nem aí' [...] 'tem que construir uma saída viável, eu não vou entrar nisso, ele faz o que achar que deve'", defendeu-se.
Delcídio afirma que Mercadante teria oferecido ajuda financeira para evitar a delação premiada. O senador entregou ao Ministério Público Federal gravações de dois encontros entre Mercadante e Marzagão que comprovariam a tentativa.
Mercadante teria dito também que intercederia junto aos presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, e do Senado, Renan Calheiros, no sentido de favorecer a soltura do senador. O ministro negou ter tomado essa iniciativa. "Eu falo [na gravação] que não vou me meter na defesa dele. O meu gesto é de solidariedade pessoal. Jamais falei com qualquer ministro do Supremo sobre este assunto ou qualquer outro".
O ministro diz que procurou Marzagão para prestar solidariedade às filhas do senador, que estariam sendo submetidas a uma campanha difamatória na Internet. O ministro alegou que acredita que o Senado poderia rever a prisão de Delcídio por alguma "tese jurídica". "A iniciativa do diálogo foi minha, eu me sensibilizei com a campanha que estão fazendo com as filhas dele. [] Por ser senador, achava que haveria uma tese jurídica em que o Senado se pronunciasse para ele ficar em prisão domiciliar".
O ministro disse que "não está nem aí" sobre a decisão de Delcídio de fazer a delação premiada. "Minha preocupação é zero. Não estou nem aí".