Infelizmente, não houve surpresa nenhuma ao se deparar com o noticiário ontem: mais estragos e prejuízos causados pela chuva, entre quinta e sexta-feira. E, infelizmente de novo, as chances de isso voltar a acontecer muito em breve são muito grandes.
Foi triste constatar uma situação sem controle vivida por tantas famílias do Alto Tietê, principalmente aquelas que moram em regiões afastadas, longe da atuação mais atenta do Poder Público. Claro que há quem contribui com o problema, morando em áreas de risco e sujando rios e córregos. Mas desta vez o volume imenso de água que caiu em menos de 24 horas atingiu e influenciou a todos.
Mogi das Cruzes é a cidade mais populosa da região. E ainda assim foi a que menos registrou incidentes com gravidade. Embora os mais de 80 milímetros tenham sido suficientes para fazer com que a prefeitura decretasse estado de atenção, as consequências não foram tantas nem desastrosas no cômputo final.
E foram ações colocadas em prática com bastante antecedência que evitaram que a cidade não tivesse um cenário muito pior após as tempestades. Entre as principais medidas desde 2009 estão a saída de mais de mil famílias de áreas de risco e a transferência para unidades habitacionais.
Por outro lado, a segunda cidade mais populosa da região, Itaquaquecetuba, foi a mais afetada, com prejuízos em diversos bairros. E lá a situação não foi evitada. Talvez por falta de uma atuação semelhante dos responsáveis pela administração municipal lá atrás. Ou seja, a falta de atenção de muitos políticos culminou em um resultado que poderia ser bem diferente, ainda que Itaquá, tradicionalmente, seja o município com os problemas sociais mais graves no Alto Tietê, em especial quando o assunto é ocupação irregular.
Ainda assim, pelo menos, o prefeito Mamoru Nakashima (PSDB) demonstrou preocupação com o flagelo de milhares de pessoas e saiu às ruas para saber o que poderia ser feito ou ao menos estar próximo, mesmo que para receber críticas, cobranças e até ofensas.
Houve prejuízos também em Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Santa Isabel, Guararema e Poá, onde famílias ficaram desalojadas ou desabrigadas após casas caírem ou serem soterradas.
O que falta é mudança de comportamento, tanto por parte de muitas pessoas, que têm sua parcela de responsabilidade quando contribuem para inundações e deslizamentos, como também do Poder Público, que parece ainda não ter se atentado à necessidade de se dedicar a questões muito mais importantes e acabar com a inércia e com a inversão de prioridades.