O estrago causado pela enchente em Poá no dia 9 era uma tragédia anunciada, como bem disse alguns vereadores do município. No ano passado, as chuvas causaram destruição em outras cidades da região. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, o salão de festas de um condomínio foi abaixo após uma tempestade. A grande pergunta é por que, entra ano e sai ano, e este problema não é resolvido?
Ainda tratando de água, mas desta vez a das represas, estamos vivendo dias de chuvas e os reservatórios estão subindo. Aquela crise hídrica, que tanto nos afetou no ano passado, parece dar uma trégua, mas se pensarmos um pouco sabemos que ela pode e deve voltar em breve caso nada seja feito.
Culpar a natureza pelos acidentes causados pelas chuvas ou pela ausência delas pode ser aceito em casos inéditos, mas não é o que ocorre. Os problemas enfrentados pela nossa sociedade são antigos, repetitivos e constantes. A falta de preparo para situações como estas causa acidentes, mortes, despesas e muita dor de cabeça.
Sem um plano de governo a longo prazo, a população nunca se beneficiará de ações produtivas e úteis para a evolução própria e de seus filhos. O melhor exemplo é a limpeza do rio Tietê, na capital, uma questão que se estende há décadas e que, para a maioria, já se tornou algo impossível. Ou ainda, os projetos para a educação.
Sobre este último tema, existe nos bastidores uma história de que o senador Cristovam Buarque (PDT) teria, quando era ministro da Educação, proposto ao então presidente Lula a implantação de um programa para a educação. O projeto teria duração de 20 anos, mas os benefícios, no final das contas, seriam ótimos. A ideia foi rejeitada, pois os resultados demorariam muito para aparecer.
Desta forma, vemos que interesses são colocados em pauta mesmo na hora de salvar uma vida, melhorar a educação, evitar desastres, solucionar problemas antigos. Tudo parece ser colocado em uma balança, onde nunca o problema pode atrapalhar a manutenção do cargo. Precisamos de projetos para o futuro. Medidas que eliminem de vez problemas antigos.
Toda ação emergencial, de ajuda aos desabrigados por enchentes ou ainda para resolver o abastecimento de água, são necessários. A meta é evitar que isso seja necessário, pois tudo envolve gastos emergenciais. Projetos como a construção de um piscinão em Poá, que pode no futuro evitar enchentes, devem estar no topo da lista de prioridades. Medidas que ensinam o consumidor a economizar água também.