Depois de 11 meses seguidos de resgate líquido (descontados os depósitos) da poupança, os brasileiros voltaram a aplicar dinheiro em dezembro. No último mês do ano, a captação líquida (depósitos superiores aos saques) ficou em R$ 4,789 bilhões. Apesar do resultado positivo, essa foi a menor captação líquida registrada em dezembro desde 2011 (R$ 3,589 bilhões). Mesmo com o resultado positivo de dezembro, no acumulado do ano a poupança registrou a maior retirada líquida, na série histórica iniciada em 1995. O saldo negativo do ano ficou em R$ 53,567 bilhões. O BC não registrava retirada líquida anual desde 2005 (R$ 2,720 bilhões).
Em 2015, os depósitos somaram R$ 1,906 trilhão e os saques, R$ 1,959 trilhão. Os rendimentos chegaram a R$ 47,430 bilhões e o saldo ficou em R$ 656,589 bilhões. O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, lembrou que no último mês do ano é comum haver mais depósitos devido a renda extra com o décimo terceiro salário.
Segundo Oliveira, três fatores explicam o resultado negativo de 2015. Um deles é que a poupança está rendendo menos que fundos de investimento. De acordo com o diretor, o rendimento da poupança está em 8,07%, enquanto dos fundos é de 11,48% ao ano. O rendimento da poupança também é corroído pela inflação. A expectativa é que a inflação tenha alcançado 10,5% em 2015, acima, portanto, dos rendimentos da poupança.
O terceiro fator é a menor renda da população, com o aumento da inflação e do desemprego. "Tivemos um ano muito difícil, com inflação alta, queda de renda das famílias, juros e impostos elevados e agora com o desemprego crescendo. Isso fez com que muita tivesse que resgatar recursos da poupança para complementar o orçamento. De outro lado, com essas dificuldades menos pessoas tinham dinheiro para guardar." (A.B.)