A foto de ontem que destacava a ocupação da Escola Estadual Professor Francisco de Souza Mello, em Mogi das Cruzes (a quarta da região, sendo que só uma foi desocupada), resume a sensação de pais, alunos, profissionais da educação e a população em geral. Na imagem, uma manifestante segura o cartaz com a seguinte frase: "Perguntaram nossa opinião?".
De fato, a reorganização é importante e precisaria ser feita, mas da forma correta. Muitas escolas contam com salas ociosas,. Parte das justificativas é factível, porém, o diálogo com a população precisaria ocorrer antes da tomada da decisão. Somente depois dizer que está "aberta à população" é, no mínimo, uma atitude arbitrária.
Faltou diálogo. Faltou transparência. O professor não foi incluído nesta discussão. Aliás, o professor, o diretor, o coordenador, o líder de bairro, os pais, os alunos, os funcionários da limpeza, da manutenção, enfim, ninguém que está fora do gabinete do secretário de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald foi consultado antes da canetada.
Para efetivar a tal reorganização, o governo se apoiou em um estudo que mostra que escolas com um ciclo só têm nota no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) maior do que as com dois ciclos, que, por sua vez, têm Idesp maior com três ciclos. Isso não prova nada. Outros fatores deveriam ser levados em consideração, como o nível socioeconômico dos alunos e a composição das equipes docentes.
Ao divulgar uma reestruturação sem nem mesmo conhecer os detalhes dos impactos que seriam gerados, o governo estadual criou lacunas que, rapidamente, foram ocupadas por pessoas ligadas a movimentos políticos. Sim, há motivação política envolvida nessas ocupações. É inegável. Assim como há motivação política envolvida em todas as outras mobilizações, sejam elas de oposição ou situação.
Dentro deste cenário é preciso analisar que os argumentos do movimento político que apoia e incentiva a ocupação são convincentes e muitos dos questionamentos não foram e, provavelmente, não serão respondidos pelo Estado.
Esses argumentos que motivaram as ocupações e os protestos são simples, como o fato de questões relativas à organização das famílias não terem sido levadas em consideração. A reorganização pode separar irmãos de escolas. O mais velho que costumava levar o mais novo para a escola será impedido de fazê-lo. E está é uma das muitas questões que só o argumento técnico não consegue dar conta.