Crise econômica, corrupção, crimes horrendos e banais. O noticiário está repleto destes temas, que precisam ser destacados nas capas dos jornais. No entanto, também há espaço, mesmo com uma repercussão menor, para quem exercita diariamente o "fazer o bem".
E foi um destes "exercícios" que o Grupo Mogi News mostrou. Um grupo de universitários do Alto Tietê tem arrecadado e doado roupas, brinquedos e alimentação para famílias e crianças carentes. E o que querem em troca? Absolutamente nada.
A iniciativa começou com uma campanha para ajudar moradores de rua no inverno e, dois meses depois, nasceu a Organização Não Governamental (ONG) Juventude Ativa. Composta por 12 estudantes, ela ajuda cerca de dez famílias e mais dezenas de crianças. Entre agosto e outubro, a ONG já ajudou cerca de dez famílias e 50 crianças. E mais ações estão previstas. No Natal, a Juventude Ativa fará ação para beneficiar mais de 200 crianças com a doação de kits com roupas e brinquedos.
E fazer o bem, mesmo que não ganhe o destaque que merece, é bom, inclusive, para a saúde. Embora durante muito tempo tenha sido difundida a ideia de que "o mundo é dos espertos, que sabem tirar vantagem das situações", a ciência revela que os generosos costumam obter mais benefícios e ter acesso a oportunidades. E até o corpo agradece. Cientistas do Instituto Nacional do Envelhecimento relataram que os pacientes com baixa pontuação em gentileza eram mais propensos a ter espessamento das artérias carótidas, fator de risco importante para ataque cardíaco. Além disso, a equipe documentou que indivíduos com notas altas em afabilidade disseram sentir menos estresse, algo que poderia beneficiar tanto os relacionamentos quanto a saúde.
Mas o "fazer o bem" não é tão simples. Nossa cultura costuma conferir respeito, prestígio e admiração àqueles que são avaliados como competentes. A gentileza é considerada uma característica bem-vinda, mas fica em segundo lugar.
O professor Carlos Torelli, da Universidade de Minnesota, relacionou a influência do individualismo e de senso de coletividade com nossas ideias em relação à posição profissional. Ele e seus colaboradores descobriram que os americanos eram mais propensos a usar competência como estratégia para ganhar respeito do que os latinos. Já estes últimos tendiam a ser mais afetivos e cooperativos com os colegas. Ainda bem que, ao menos nesse aspecto, a Juventude Ativa prova que nossa tendência é agir como os latinos.