O Natal deste ano deverá ser pior que o do ano passado para o comércio brasileiro, de acordo com estimativas de entidades e especialistas do setor. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), prevê que as vendas nesse período caiam 4,1%. Será primeira queda desde o início da série histórica sobre vendas de comércio, em 2004.
A retração será acompanhada de queda de 2,3% no número de vagas para contratação temporária. "O emprego temporário é uma aposta que o comerciante faz no Natal. Quanto maior o crescimento das vendas, maior o aumento das contratações", explicou o economista da CNC Fábio Bentes. De acordo com a CNC, um dos segmentos mais afetados é o de móveis e eletrodomésticos, em razão da desvalorização cambial, da alta da inflação e, em especial, do encarecimento do crédito. A retração projetada este ano para as vendas do segmento atinge 16,3%. "A situação não deve melhorar até o Natal", afirmou Bentes. Como a taxa básica de juros (Selic) não deve cair até o fim do ano, Bentes disse que isso consolida a taxa de juros recorde atual, o que afeta de forma negativa as vendas e, indiretamente, o emprego temporário no setor.
O economista citou dados do IBGE, segundo os quais o comércio registrou redução das vendas de 2,4% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. No fim do ano, a previsão da CNC é queda de 2,9%, piorando nas festas natalinas, quando as vendas devem cair 4,1%. Bentes lembrou que os produtos vendidos no Natal têm maior relação com a variação do dólar do que ao longo do ano. É o caso de alimentos importados, brinquedos e até vestuário. "Com o dólar em torno de R$ 4, isso coloca uma dificuldade muito grande. No Natal passado, o dólar estava em R$ 2,65."
Além do crédito caro, há o dólar alto, e os dois fatores empurram as vendas para baixo. No ano passado, quando o cenário era diverso, tanto as vendas quanto as contratações temporárias subiram 1,8%.
O consumidor deverá optar, no final do ano, por adquirir presentes de menor valor. A atuação do comércio no fim do ano depende do dinheiro que entra na economia. Este ano, já sabemos que o 13º vai ser menor. Há menos gente trabalhando, e quem continua trabalhando, em termos reais, está ganhando menos. Só por isso, o 13º vai ser mais fraco.