A Secretaria de Estado de Saúde, chefiada pelo médico David Uip, erra ao classificar a migração dos pacientes de Mogi das Cruzes em tratamento contra o câncer para São Paulo como uma simples avaliação equivocada dos secretários municipais que fazem parte da Câmara Técnica de Saúde do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat).
Atualmente, 188 mogianos estão em tratamento oncológico e, deste total, 117 são atendidos fora da cidade, o que equivale a 62% do total. Mesmo com uma unidade de referência para o tratamento de câncer localizada dentro do município, o hospital Luzia de Pinho Melo, a maior parte dos casos é enviada para a capital. E esta situação, infelizmente, não é exclusividade de Mogi.
O secretário de Saúde do município, Marcello Cusatis, revelou que de janeiro até agosto, apenas 71 pacientes de Mogi foram atendidos no Luzia. Outros dez, receberam atendimento em Guarulhos e 107 foram encaminhados para São Paulo: 40 para o AME de Itaquera, 18 no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e 13 no Hospital Brigadeiro.
De Mogi a Itaquera, por exemplo, são quase 50 km, percorridos, na grande maioria dos casos, por ambulâncias cedidas pelas prefeituras. Distância ainda maior enfrenta os pacientes que fazem tratamento no Icesp: 67 km.
Para se ter uma ideia, a Prefeitura de Mogi desembolsa R$ 100 mil por mês apenas para levar e trazer estes pacientes.
Mas do que adianta mostrar os problemas, se a Secretaria de Estado os avalia como um mero equívoco de avaliação? Ao minimizar as dificuldades, Geraldo Alckmin, David Uip e companhia, além de virarem às costas para um sério problema de gestão na saúde pública, quebram um pacto estabelecido entre os municípios e o Estado, que, inclusive, recebeu elogios do próprio Uip. O pacto garantiria que as prefeituras fariam sua parte, ou seja, atenderiam a rede básica, e as unidade geridas pelo governo estadual seriam responsáveis pelos atendimentos de alta complexidade e os casos de urgência.
Enfim, é mais fácil avaliar os problemas como mero equívoco do que tentar entende-los e buscar soluções.