De bicicletas, carregando barracas, alimentos e em contato com a natureza, paisagens, cores e cheiros, o casal mogiano Andreza Teixeira, e seu marido Ernesto Stock, ambos de 37 anos, percorreu três países da Ásia, durante um mês e meio, conheceu costumes, gostos, comidas e afazeres de comunidades de minorias étnicas e tribos da Tailândia, Vietnã e Laos, países da península da Indochina, no sudeste asiático. Esta aventura aconteceu durante a viagem de três meses, entre janeiro e abril deste ano.
O objetivo era partir de Sapa, no Vietnã, atravessar o Laos e terminar a pedalada em Chiang Mai, Tailândia, vendo manifestações artísticas características das comunidades tradicionais da região. Na viagem, conheceram a produção artesanal, tecidos, teares, confecção de seda, tingimentos naturais, arte infantil e cerâmica.
Com tanta facilidade de viajar pelo mundo com comodidade, Stock, que é cineasta e fotógrafo, contou o que levou ele a mulher a fazer metade da viagem de bike. "Temos uma história, já fizemos outras viagens pedalando, no Brasil e fora, e optamos por ela novamente. Ela permite uma interação mais intensa, mais próximo de tudo, o corpo o tempo todo recebendo tudo daquele ambiente novo, o cheiro, o vento, a paisagem, além da interação com os seus moradores".
Ele disse que nos vários dias de bicicleta visitaram cerca de 15 minorias étnicas, na região montanhosa por onde passaram, com 50 comunidades diferentes. "Quando os moradores nos viam, nos convidavam para entrar, ofereciam o que comer e beber", contou.
O casal conheceu a produção de cerâmica, tintas e seda, com povos como, Red Dao, Hmong, Akha e Black Yao , que vivem de maneira totalmente sustentável. "Assim como os índios brasileiros, esses povos vivem em profunda harmonia com o meio ambiente e produzem tintas, utensílios domésticos e ferramentas, com matéria prima extraída direto da natureza, sem intermediários. Tudo o que vimos eles fazerem de perto. Uma menina de 15 anos, que é a idade em que se casam, produz à mão a seda para os seus vestidos, desde a criação do bicho-da-seda até o acabamento"
Sobre as dificuldades da viagem, Stock apontou apenas obstáculos de adaptação com a alimentação e comunicação. "Nada que um pouco de criatividade não resolva. O melhor é perceber como temos tantas certezas sobre nossa vida, costumes e elas podem não fazer nenhum sentido, assim como a cultura e a filosofia ocidental. Perceber que tudo pode ser totalmente diferente. Outras formas de se entender o mundo. Desconstruir nossas certezas", avaliou.