Um famoso nome, que a maioria dos brasileiros queria nunca mais ouvir, voltou à tona ontem. Tudo porque a Polícia Federal, cumprindo mandados de busca e apreensão pela Operação Lava Jato, apreendeu três carros de luxo na casa do ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Nada mais do que uma Ferrari, avaliada em R$ 1,95 milhão, uma Lamborghini, de R$ 3,9 milhões, e um Porsche, de valor não divulgado.
O objetivo das apreensões, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), é evitar que os investigados destruam possíveis provas. A assessoria de Imprensa de Collor publicou nota repudiando a ação da PF, alegando que não existe relação nenhuma entre os carros e as denúncias. A nota diz ainda que ele nem foi chamado para depor.
Collor é investigado na Lava Jato porque o doleiro dedo-duro Alberto Youssef disse que ele recebeu propina em um negócio da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. O ex-presidente teria recebido R$ 3 milhões em um lance e até mais de R$ 20 milhões em outro esquema. Nos dois casos, o dinheiro ajudaria a interessados a conseguir influência em Brasília, já que o senador poderia abrir este caminho.
Collor talvez ainda seja um dos homens mais odiados do Brasil. Pode haver denúncias falsas para prejudicá-lo, já que ele conta com muitos inimigos. Mas o que intriga são as tantas entrevistas e documentários já publicados em que o ex-presidente se desculpa por todos os erros cometidos no passado, chora demasiadamente e pede mais uma chance ao povo brasileiro. Collor, na maioria das entrevistas, diz que comeu o pão que o diabo amassou após o impeachment que sofreu, e que aprendeu a lição. E agora ele estaria envolvido em um dos maiores escândalos de corrupção do País.
Collor faz lembrar aquelas pessoas que são perdoadas, mas que comete o mesmo erro logo em seguida. Como o maior assassino do Brasil, Pedrinho Matador, que matou mais de 70 pessoas, e se sentia inocente. Para ele, todas mortes ocorreram por reação justa a algo que fizeram contra ele. O maior criminoso do século não achava que fazia algo errado.
Com Collor e demais políticos vemos que a síndrome da culpa não os fere. Apesar de prisões e vexames, eles continuam a fazer parte de esquemas e a ganhar muito dinheiro de forma ilícita. O sistema pode estar corrompido, mas poderíamos ver mais homens dignos de não fazer parte dele, ou de se arrepender e nunca mais roubar o povo.