Um Mapeamento de Organizações e Igrejas Cristãs Evangélicas que desenvolvem ações de apoio a refugiados e migrantes no Brasil foi realizado no primeiro semestre deste ano. A análise inicial do levantamento revela uma rede de igrejas, organizações, alianças, coletivos e redes cristãs evangélicas espalhadas pelo território nacional, mobilizando um número expressivo de pessoas, e atuando de forma significativa no atendimento à população de diferentes nacionalidades.
O Mapeamento foi produzido pela Associação Casa em parceria com o Movimento Como Nascido entre Nós, Tearfund, e Bíblica Brasil, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). A iniciativa surgiu durante o VI Fórum Refugiados, promovido em 2022, quando, segundo os organizadores, foi reconhecida a necessidade de dar visibilidade às ações das organizações e igrejas cristãs evangélicas que trabalham nessa área, assim como a oportunidade de fomentar a ação em rede, possibilitando a articulação de esforços para alcançar melhores resultados.
De acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), já são mais de 100 milhões de pessoas em deslocamento forçado globalmente, número que segue em uma tendência de crescimento constante na última década.
No Brasil, seguindo a tendência global, o número de pessoas refugiadas e solicitantes dessa condição permanece alto. Até janeiro de 2023, quase 66 mil pessoas haviam sido reconhecidas como refugiadas no país, sendo mais de 53 mil de nacionalidade venezuelana.
Os organizadores destacam que o Mapeamento não se encerra neste trabalho. “Nossa intenção é manter a atualização e inserção de dados de forma contínua e sistemática e assim continuar a fortalecer a busca por proteção e soluções para as milhares de pessoas que se encontram no Brasil, a fim de que elas possam reconstruir suas vidas em paz e com dignidade”, salientaram no material de divulgação dos resultados.
Na última terça-feira, dia 20 de junho, foi o Dia Mundial do Refugiado, uma homenagem às pessoas refugiadas em todo o mundo. Neste ano, segundo a ACNUR, as ações se concentram no poder da inclusão e nas soluções para as pessoas refugiadas.
Resultados
Entre março e maio deste ano, responderam ao mapeamento 105 instituições, sendo que 84% estava formalizadas institucionalmente e o restante em processo de formalização. No total são 1,7 mil pessoas trabalhando diretamente com a população refugiada ou imigrante, sendo a grande maioria formada por voluntários (1.322 – 77%). Os projetos, segundo o levantamento, contabilizaram mais de 30 mil atendimentos no ano, abrangendo indivíduos de 40 nacionalidades, como Venezuela, Afeganistão, Haiti, Síria, Angola, Colômbia e Cuba.
Enquanto 40 das instituições respondentes atua há 5 anos ou mais com este segmento, destaca-se que 30% (32 instituições) das igrejas e organizações cristãs evangélicas passou a atuar junto à esta população há um ano ou menos. As demais 33 instituições vêm trabalhando junto à esta população entre 2 e 4 anos.
A maior parte dos respondentes declarou trabalhar com outras instituições parceiras para oferecer serviços e assistências à população refugiada ou migrante. Dentre os serviços e assistências disponibilizados, estão apoio espiritual, a distribuição de itens de necessidade básica, encaminhamentos para órgãos e serviços públicos, o apoio para inserção profissional, aulas de protuguês, orientação jurídica, apoio psicossocial e a mobilização de grupos e/ou igrejas, mencionados por mais da metade das instituições.
(Fonte: Associação Casa)