A Vila Dignidade, de Mogi das Cruzes, recebeu na tarde de sexta-feira (18) uma roda de conversa sobre o condomínio, que faz parte do programa estadual, atualmente chamado de Vida Longa, e é administrado pela Prefeitura de Mogi. Pessoas idosas que moram no local e a coordenadora do espaço, Camilla Cristina Taceli, receberam a pesquisadora na área de envelhecimento e moradia Inês Rioto e profissionais convidadas, que atualmente estudam na área de gerontologia.

Inês Rioto, que foi eleita integrante da nova gestão do Conselho Estadual do Idoso, é idealizadora do livro/e-book "Morar 60 Mais - Revolucionando a Moradia em Face da Longevidade". A publicação traz na seção de iniciativas governamentais e sociais para a moradia de pessoas idosas a Vila Dignidade de Mogi. Com base no livro, o condomínio, inaugurado em 2015, foi reconhecido pela Fundación Pilares, da Espanha, como exemplo de boas práticas em serviços públicos.

A partir do reconhecimento, o equipamento mogiano também concorreu ao prêmio de boas práticas da fundação espanhola e ficou com o terceiro lugar na votação popular. O vencedor foi o Programa Acompanhante de Idosos (PAI), da Prefeitura de São Paulo, também presente no livro, que atende por meio de visitas domiciliares pessoas idosas em situação de fragilidade e alta vulnerabilidade social.

O reconhecimento também tem se refletido em parcerias. Em agosto, a Vila Dignidade recebeu pela primeira vez uma ação do programa Voluntários do Bem, da Ecopistas. A ação foi feita em celebração ao Dia do Voluntariado, comemorado em 28 de agosto. Na ocasião, um grupo de 15 funcionários da empresa, com a participação dos idosos residentes, se reuniram para remodelar a horta do equipamento, com o plantio de mudas de hortaliças, temperos e árvores frutíferas. O espaço também recebe ações dos doutores palhaços do Instituto Julio Simões.

Roda de conversa

No total, o condomínio conta hoje 21 moradores, entre eles um casal. De acordo com Camilla, o condomínio conta com 22 casas e hoje duas estão vazias. Uma nova triagem está sendo feita para inserir dois novos moradores, que atendam aos requisitos: ter 60 anos ou mais, renda de até dois salários mínimos, ser independente para realização de atividades da vida diária, morar há pelo menos dois anos no município e ser só ou não possuir vínculos familiares sólidos. Segundo a coordenadora, há uma fila de espera de 26 pessoas atualmente.

No bate-papo, temas como os equipamentos de saúde e serviços disponíveis na cidade como as Unidades Clínicas Ambulatorias (Única) em Jundiapeba e Braz Cubas.

Moradores

Entre os idosos participantes da conversa, Aparecido Donizete, de 65 anos, hoje cadeirante, falou sobre sua vontade de voltar ao mercado de trabalho, mesmo com uma ocupação de meio período. Todos os idosos presentes elogiaram a vida no condomínio, que passa por reformas custeadas pela administração municipal.

Parte dos moradores da Vila conta com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é oferecido para pessoas com 65 anos ou mais com renda familiar de até ¼ do salário mínimo por pessoa e que esteja no Cadastro Único. Para quem não conta com o BPC, a Prefeitura oferece cesta básica e gás, e é incluído em programas sociais federais.

A pesquisadora citou o exemplo de iniciativas semelhantes nos Estados do Paraná e da Paraíba, porém, são condomínios que atendem pessoas idosas com uma renda maior e há cobranças dos moradores, o que não ocorre na Vila Dignidade. O programa paulista não tem cobranças e as casas são entregues mobiliadas. O desligamento, como explicou Camilla, ocorre por morte, não cumprimento das regras estipuladas ou problemas de adaptação.

O grupo diferenciado de moradores passou pelo período mais duro da pandemia sem casos confirmados de Covid-19 e com adesão completa a todas as doses da vacina contra a Covid-19. Além da maior adesão a palestras do que a passeios, segundo a coordenadora.