Nesse recesso de atividades do ano, entre as minhas acomodações, fiquei revisando materiais de estudo da época da faculdade. É raro ter saudosismo acadêmico, mas algo estava me puxando, me incomodando, onde encontrei em minha biblioteca, o livro: Os meios de comunicação como extensões do homem, do teórico da comunicação, Marshall McLuhan.
Entre os conceitos que me deixam fascinado desse autor, é o de que o homem projetou não apenas os seus órgãos físicos, mas o próprio sistema nervoso central nas tecnologias, uma percepção incrível para a época, do canadense conhecido por vislumbrar a internet, quase trinta anos antes de ser inventada.
Depois da leitura, dei uma beliscada no churrasco, no vinho, uma folheada no jornal, conversa com a esposa, os amigos, bola com os filhos, leitura digital nos periódicos e revistas, e os assuntos bombando: internet das coisas, inteligência artificial, geração beta, diminuição da leitura no Brasil, e de repente me pego parado, pensando sobre os diversos dependentes digitais em crise de abstinência, que consomem o mesmo conteúdo tecnológico, sem o mínimo de instinto de curiosidade, questionamento e sentido.
Depois de uma enxurrada de informações - e carne, fiquei pensativo sobre o futuro da leitura, do letramento, da interpretação inteligente etc. Segundo o dicionário, leitor é aquele que lê para si mesmo; que tem o hábito ou o gosto de ler, leitor é aquele que lê as palavras, lê o mundo, que interpreta significados linguísticos, sua relação com ambiente, mas tudo isso está se acabando...
O dia 7 de janeiro, é uma data comemorativa do Dia do Leitor, uma homenagem ao jornal cearense "O Povo", fundado em 7 de janeiro de 1928. Seu fundador, o poeta e jornalista Demócrito Rocha, era um intelectual, foi deputado federal e jornalista.
Porém, com as novas transformações tecnológicas, influências sociais e ausência de educação e formação humana, é possível que a representação desse dia, tenha cada vez, menos convidados.
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.