O executivo alemão, Gerd Göbel, de 47 anos, reduziu sua jornada de trabalho para 40% do total quando há três anos sua filha nasceu; depois aumentou para 60% e mais recentemente para 80%. Ele tem uma carreira bem sucedida no segundo maior banco da Alemanha, o Commerszbank, onde chefia uma equipe de administração de ativos e portfólios, e diz: "Quero ver meus filhos crescerem"; são palavras doces como o mel e agradáveis de ouvir de pais responsáveis. A realização profissional dos filhos fundamentada no poder e no lucro causou muitas decepções e derrotas aos pais como chefes de família; depois de tantos fracassos, distanciados de Deus, é pouco possível recuperarem a autoridade da função perdida.

A marginalização da família produz os marginais da sociedade. A rebeldia jovem é o modo para chamar atenção dos pais, porque são carentes de afeto no ninho do lar onde faltam abraços e beijos que geram respeito e amor. James Dean, ator norte-americano, personificação de rebeldia e angústias próprias da juventude pós-guerra da década de 1950, fez eclodir, na década seguinte, o movimento hippie que aos poucos desfez os laços tradicionais e afetivos da família, advogando o amor livre, o uso de maconha e LSD. Embalados pela música de John Lennon, "Make love, not war", levantaram sua bandeira de ideal anarquista. Além da licença maternidade que privilegia a mulher no pós-parto, temos a licença paternidade que permite ao pai, como casal, ajudar a mãe no cuidado e na dedicação ao recém-nascido.

A destruição do casamento está apresentando uma amarga fatura, produzida por rasgão afetivo. A transgressão é, frequentemente, uma agressão, um recado de revolta. Indigência material castiga o corpo, carência afetiva corrói a alma. A função principal da escola é instruir, porém educar é privilégio do lar. Pais ausentes, filhos delinquentes. Essa equação simples e lamentável necessita de uma resposta como solução, e a resposta está na família bem estruturada, por ser uma instituição divina.

Mauro Jordão é médico.