A pergunta que muita gente deve estar se fazendo, desde ontem, quando João Doria, pré-candidato à Presidência pelo PSDB, anunciou sua saída da disputa pelo Palácio do Planalto, é qual o impacto dessa decisão na corrida eleitoral? Com cerca de 2% nas pesquisas, o tucano vinha com poucas chances de vencer a polarização atual.

O PSDB há tempos vive uma crise interna, que levou Geraldo Alckmin para a chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e mesmo antes das prévias, Doria não era uma unanimidade na legenda, como mostraram os embates com Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul.

Como Doria destacou no pronunciamento de ontem, ele não era a escolha da cúpula do partido, embora em algum momento tenha recebido o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O PSDB agora tem como o caminho mais provável desistir da candidatura própria e apoiar algum outro candidato, ainda na esperança de uma terceira via.

João Doria sai de cena, e a corrida eleitoral segue, provavelmente sem muitas novidades pelo caminho. Os eleitores, pelo que indicam as pesquisas, tendem, em sua maioria, entre o ex-presidente Lula e o atual, Jair Bolsonaro. O ocupante do Palácio do Planalto, aliás sempre teve no ex-governador de São Paulo um grande adversário, principalmente no auge da pandemia do coronavírus (Covid-19).

Houve muito marketing com certeza, especialmente em relação às vacinas, o que é característico de Doria, mas também há méritos, quando se pensa no descaso com que o atual presidente e sua equipe trataram a saúde dos brasileiros. E sempre vale lembrar que o vírus continua por aí. A pandemia arrefeceu, mas ainda não acabou.

Enquanto isso, a vida segue com a inflação a 12%, e um saldo positivo aqui, outro acolá de vagas, mas um desemprego acima dos dois dígitos que persiste. Os mais afetados sempre são aqueles já têm pouco, e acabam tendo que apertar mais ainda o cinto. Se discutem vias para Presidência da República, com certeza necessárias, mas as mudanças que realmente devem ser feitas, ficam no discurso raso.