Boa parte da população brasileira tem enfrentado muitas dificuldades para comprar aquilo que é absolutamente necessário e indispensável para o seu sustento. A inflação que voltou a atormentar a vida do brasileiro é algo muito preocupante, principalmente para aqueles que ganham pouco.
No entanto, existe algo ainda mais grave: é quando, além da alta generalizada dos preços, a atividade econômica desaquece e o desemprego aumenta. E isso tem um nome, e se chama estagflação, uma junção entre as palavras estagnação e inflação. Isso ocorre quando um país passa por uma alta acelerada de preços em meio a uma queda da atividade econômica.
A combinação da inflação com a alta do desemprego e o encolhimento da renda provoca grandes mudanças nos hábitos de consumo da maioria. As pessoas passam a consumir coisas mais baratas e em menor quantidade, para tentar equilibrar a duração do salário e do mês.
E é justamente isso que está acontecendo no Brasil. Inflação em alta e indicadores econômicos em baixa. Uma matéria publicada na semana passada na Uol mostra que o paulistano está diminuindo suas idas à padaria para fazer qualquer refeição. Em 12 meses, o pão francês subiu 15,34%, o pão de queijo, 11,41%, e o cafezinho, 7,95%.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), almoçar ou jantar fora de casa também subiu, 8,55%. O mesmo vem ocorrendo em relação ao lazer e cultura.
A percepção da estagflação se dá via dois aspectos: falta de empregos, e a alta dos preços, que gera queda no poder aquisitivo.
Para a superação desse quadro, o crescimento econômico deve vir acompanhado de medidas que promovam a distribuição de renda para fortalecer o mercado de consumo e pôr em movimento um ciclo virtuoso. O que é praticamente impossível de ser alcançado por esse governo que, pelo menos em parte, responsável pela situação econômica. E o máximo que nosso presidente consegue dizer é "ter fé, resiliência e coragem".
Afonso Pola é sociólogo e professor.