A agressão sofrida por uma aluna transexual de 16 anos na Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, no distrito de Braz Cubas, em Mogi das Cruzes, é um ato de intolerância, que infelizmente se repete com frequência contra a população LGBT, não só na cidade, como na região e em todo o país. Não à toa, se multiplicaram nas redes sociais notas de repúdio, como do Fórum Mogiano LGBT que expôs o caso.
Vale lembrar que não faz muito tempo, no dia 29 de janeiro, foi comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, em referência a um ato nacional realizado em 2004 para o lançamento da campanha "Travesti e Respeito". E depois de 18 anos, ainda estamos longe dos objetivos da campanha focada na promoção da cidadania e do respeito à diversidade sexual e de gênero.
Porém, há avanços como a inclusão do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares internos da rede estadual de ensino, o que pode ser feito a pedido dos interessados. A medida atende uma Deliberação nº 125, aprovada em 2014 pelo Conselho Estadual de Educação, é considerada uma forma de reconhecimento das diferenças e favorece a promoção de um ambiente escolar acolhedor aos alunos, o que parece não ser tão efetivo.
É preciso ir além e investir em políticas públicas favoráveis à diversidade no ambiente escolar, no acesso à saúde, nas instituições públicas, ou seja, em espaços públicos e privados. A medida é urgente se pensarmos que diferente do envelhecimento populacional que vivemos, com uma expectativa de vida em crescimento, no caso das pessoas trans, a média não chega aos 40 anos.
Segundo o coletivo de denúncias e apuração de dados sobre a comunidade LGBT, entre janeiro e agosto do ano passado, foram 207 mortes violentas no país. Número que pode ser bem maior, infelizmente.
O problema vai além, como revela o Boletim de Ocorrência registrado ontem pela família da adolescente. O depoimento da estudante destaca que houve também ofensas racistas. Os preconceitos vão se somando, e a violência crescendo, no lugar do diálogo para solução das diferenças.