Do alto da montanha da fé, onde se processa a santificação, a visão espiritual do mundo se estende diante dos nossos olhos como o grande vale de sofrimentos do homem decaído. Nele vivemos, assistimos, participamos e sofremos os horrores da guerra, do luto da morte, do medo da peste e da calamidade da fome. É um mundo em constante construção e destruição onde se tem de tudo; momentos breves de alegria e longos dias de tristeza, muitos sorrisos, depois, banhados de lágrimas.

O homem natural tem a visão horizontal do vale, ele não deseja subir a montanha da fé, pela razão ele pensa ter sua segurança nos bens materiais, tesouros da terra onde a traça e a ferrugem tudo consomem e ladrões escavam e roubam. O homem espiritual, além da visão horizontal, ele possui a visão vertical do alto e prefere ajuntar tesouros eternos no céu onde não existe a insegurança do vale.

Infelizmente, a Igreja tem perdido muito do discernimento entre a verdade e a mentira, e no vale tem buscado se identificar com o mundo. Não temos poder para mudar o mundo em que vivemos, porém, o nosso mundo interior pode ser mantido ou melhorado com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós, fazendo uma faxina espiritual de purificação dos nossos lábios, dos nossos olhos e das nossas mãos no falar, no ver e no servir.

Para palmilhar o caminho da fé: primeiro, temos de nos aproximar de Jesus para ouvir o "vinde" do seu chamado "segue-me" e obedientes segui-Lo; segundo, ser discípulos para aprender a seus pés a verdade do Evangelho; terceiro, tendo a visão do alto vamos descer a montanha da fé em direção ao vale, ordenados pelo "ide", e cheios do poder do Espírito Santo testemunhar aos homens o Evangelho da Salvação.

A vida de muita gente se assemelha a "Síndrome da Igreja de Laodicéia", em Apocalipse: "Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma". E Deus contradiz esse soberbo: "Nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu." Está faltando nele a visão do alto.


Mauro Jordão é médico