Embora oficialmente ela seja muito baixa, na vida real, aquela do caixa do supermercado ela existe e está bem agressiva. O melhor exemplo, e não o único, é o preço do pacote de arroz de cinco quilos. Aumento de 100% ou mais em alguns casos. Além dele, papel higiênico, óleo de soja, feijão e outros itens da cesta básica. Alguns mercados começam a limitar a quantidade de produtos por cliente para evitar a formação de estoque.
A população mais pobre se alimenta basicamente de arroz e feijão e com o auxílio emergencial ela ganhou um inédito poder de compra. Então oportunistas também aumentaram os preços de produtos básicos não só porque há demanda maior do que a oferta, mas para aumentar o lucro em razão do aumento da demanda, como já aconteceu com a carne e outros produtos. A população mais pobre vê anulado o benefício emergencial pelo aumento dos preços dos produtos básicos que mais consomem.
Alguns consumidores mais abastados, visando fugir do aumento abusivo dos preços, compram em grande quantidade, o que acaba estimulando a remarcação dos preços com um aumento artificial da demanda. O presidente da República pediu aos produtores e comerciantes que ajudem a manter o preço da cesta básica, como patriotas. Não há patriotismo no mercado, há oferta e procura.
O arroz, assim como o óleo de soja são commodities e têm o preço regulado pelo dólar. O preço é fixado pelo mercado internacional. Com o real desvalorizado, o arroz e o óleo de soja ficaram mais caros. Com a desvalorização do real, é mais interessante ao produtor brasileiro exportar sua produção. O brasileiro pobre não recebe em dólar, mas na moeda fraca, o real, cuja perda de valor se reflete no caixa do mercado. O desgaste político é grande, a massa beneficiada pelo auxílio emergencial vê corroído o seu poder de compra e não consegue levar o básico para casa. A saída mais rápida e prática é importar o produto sem taxação, o que aumenta a oferta e naturalmente reduz o preço, aplicando a lei da oferta e procura. Tudo com equilíbrio para não desestimular a produção nacional, pois dela dependemos para alimentar nosso Brasil.