A suspensão das atividades escolares provocada pela pandemia do novo coronavírus deve causar impactos na economia mundial que podem durar até o final do século. A perda deve ser, em média, de 1,5% na economia global. Essas são algumas das constatações de relatório divulgado ontem pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
"A perda de aprendizado levará à perda de habilidades, e as habilidades que as pessoas têm se relacionam com sua produtividade", disse o relatório, ao citar a queda na produção global. Desde janeiro, colégios e universidades em vários países interromperam atividades para reduzir o risco de contágio da Covid-19.
A estimativa, segundo o relatório, considera que só os atuais grupos de alunos serão afetados. Se as escolas demorarem para retomar o desempenho de antes da pandemia, o revés financeiro será proporcionalmente maior. Usando como exemplo os Estados Unidos, o documento aponta que se a pandemia levar a uma redução de um décimo no nível padrão de habilidades dos alunos, a perda econômica será de US$ 15,3 trilhões.
A suspensão das aulas também trouxe à tona as lacunas de oportunidades educacionais entre ricos e pobres. As crianças com acesso à internet, computadores e suporte das famílias se saíram melhor, com mais estímulos disponíveis e mais chances de usufruir de aulas remotas. "A crise atual testou nossa capacidade de lidar com interrupções em grande escala. Cabe agora a nós construir como legado uma sociedade mais resiliente", disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao lançar o relatório em Paris.
Mesmo com a reabertura de escolas em muitos países, grandes desafios permanecem para a educação. A entidade ressalta que as nações continuarão enfrentando uma redução da economia, mesmo que suas escolas voltem imediatamente aos níveis de desempenho anteriores à pandemia do novo coronavírus. (E.C. com agências internacionais).