Mais do que potencializar a descrença generalizada pela política, a prisão de cinco vereadores mogianos em pleno mandato na Câmara Municipal reforça a tese de que a política brasileira se tornou uma carreira rentável.
A notícia da prisão dos parlamentares Carlos Evaristo da Silva (PSB), Diego de Amorim Martins (MDB), Francisco Moacir Bezerra (PSB), Jean Lopes (PL) e Mauro Araújo (MDB), após extensa investigação do Ministério Público (MP), foi indigesta, mas, talvez, não surpreendente. Não por desconfianças nominais, mas porque há tempos boa parte da população já não crê na classe política.
Entre argumentos de excessos do poder Judiciário e gritos da população em frente à sede do MP, em Mogi, a promotoria divulgou que possui evidências de envolvimento dos vereadores em corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. De acordo com a investigação da Promotoria do Patrimônio Público, empresários - que também foram presos na manhã de ontem - compravam apoio para aprovar leis encomendadas por eles.
Muitos fazem da política um meio para auto-promoção, acima das necessidades da população. Se utilizam do histórico prestígio que possui uma cadeira no Legislativo para articular estratégias que rendam, no presente ou no futuro breve, vantagens com empresas. Além do setor privado, muitos ainda se promovem almejando cargos cada vez mais poderosos. Com isso, a já desgastada imagem da política vai se manchando ainda mais.
Entretanto, a carreira na política, demonizada por muitos, não pode ser abominada. Há (raros) políticos que por décadas defendem os direitos de munícipes e buscam melhorias à população e, saem da vida pública, sem um arranhão na imagem. Para estes, "o sono dos justos", como estampa em seu livro o escritor cearense Osmar Alvez de Melo.
Não é possível afirmar com todas as letras que os nobres vereadores presos ontem, de fato, foram comprados por empresas de significativa importância para promover leis que pudessem favorecer interesses. Entretanto, com tantas evidências e contundência por parte da promotoria de Justiça, que agiu com eficiência na manhã de ontem, prevalece o discurso: é difícil acreditar na política.