Em denúncia apresentada ontem a Operação Lava Jato no Rio detalhou a investigação sobre um suposto esquema que teria desviado pelo menos R$150 milhões, segundo estima a força-tarefa, do chamado 'Sistema S' fluminense (no caso, Sesc e Senac) e da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ) entre os anos de 2012 e 2018.
No documento, os procuradores apontam para a participação de escritórios de advocacia ligados a políticos na elaboração de contratos falsos para ocultar pagamentos milionários de vantagens indevidas.
Segundo a Lava Jato, o objetivo era montar uma blindagem que mantivesse o empresário Orlando Diniz, hoje colaborador da Justiça, no comando da Fecomércio/RJ.
De acordo com a denúncia, os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, defensores de Lula, dividiam com o então presidente da Federação a liderança da organização criminosa. Os três se tornaram réus no caso, ao lado de outros 23 denunciados.
Zanin e Teixeira seriam responsáveis, segundo delatou Diniz, por reunir e aprovar propostas de honorários advocatícios de outros escritórios. O critério de escolha seria pela suposta capacidade dos advogados de influenciarem decisões de magistrados do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Poder Judiciário.
Os agentes cumpriram 51 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro; Zanin; Ana Tereza Basilio, que representa o governador afastado do Rio Wilson Witzel, e da procuradora de Justiça de São Paulo Luiza Nagib Eluf.
Zanin acusou a força-tarefa de retaliação. "Era óbvio que a Lava Jato iria promover alguma retaliação contra mim, afinal, nos últimos anos atuei incessantemente para desmascarar seus abusos. A invasão da minha casa e do meu escritório será denunciada em todos os foros para que os responsáveis sejam punidos", afirmou, pelo Twitter.
OAB
Por meio da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia e da Procuradoria Nacional de Defesa das Prerrogativas, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) classificou a ação como 'clara iniciativa de criminalização da advocacia brasileira' e informou que tomará medidas administrativas e judiciais. A manifestação também alerta que o desrespeito à advocacia livre fere princípios da própria democracia.