Enfrentando o pior momento desde que iniciou a sua parceria com o então candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (sem partido), antes das eleições de 2018, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai precisar de um esforço fora do comum para manter a sua Pasta com o desempenho necessário e seguir colaborando com um governo em perigosa fase de transição. Isso se ele mesmo não decidir abandonar o barco, como o fizeram ao menos cinco de seus colaboradores mais íntimos.
Na terça-feira passada, Salim Mattar e Paulo Uebel pediram demissão alegando dificuldades em implementar medidas necessárias para a manutenção do plano econômico de Bolsonaro, como as privatizações e a reforma administrativa. Antes deles, nas semanas anteriores, Mansueto Almeida já havia deixado o Tesouro Nacional, Caio Megale largou a diretoria de programas da Secretaria Especial da Fazenda e Rubem Novaes informou que abrirá mão da presidência do Banco do Brasil em breve.
A debandada da equipe econômica, como o próprio ministro admitiu, enfraquece todo um planejamento a longo prazo do governo. No início, Bolsonaro prometeu que daria toda a prioridade ao setor, negando qualquer tipo de acordo político-partidário em seu mandato. A promessa não foi cumprida e, menos de dois anos após assumir o Planalto, teve de se render aos "encantos" do Centrão para garantir sua governabilidade.
Mas não foi apenas esse o motivo da saída dos colaboradores. O ex-secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercado, Salim Mattar, justificou na quarta-feira que entregou o cargo por sentir que o resultado do seu esforço diante do resultado alcançado nos 20 meses de governo foi negativo. Guedes, entretanto, garantiu que vai "avançar com as reformas".
O que talvez os economistas não tinham em pauta era a pandemia do coronavírus, que obrigou a mudança de rumo do governo e criou uma dificuldade na administração da economia. O que Guedes mais precisa neste momento é que a situação se acomode e seja possível retomar o controle do barco.