O Alto Tietê ganhou uma ferramenta que pode fortalecer o planejamento urbano nos próximos anos. Graças a técnicos da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente, em parceria com outras entidades, como o Instituto Geológico (IG) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), foi produzido um mapeamento de risco mais detalhado do que os das prefeituras municipais, com informações dos dez municípios do Alto Tietê, revelando ponto a ponto os perigos que a região possui, tanto em casos de deslizamentos de terra quanto inundações.
O grupo Mogi News publicou ontem, com exclusividade, parte deste abrangente mapeamento, utilizando como exemplos Mogi das Cruzes e Suzano, que, somadas, possuem 33.436 construções em áreas de risco. Mogi detém a maior quantidade de imóveis com possíveis danos em potencial - 31.193 no total.
É certo que promover assentamentos dignos, com esgotamento sanitário e demais infraestruturas que promovam o bem-estar da população, requer tempo e vultuosos recursos. Não é algo que possa ser feito do dia para a noite. A demanda leva tempo.
Por outro lado, este mapeamento pode ser o ponto de partida para uma mudança a longo prazo. Identificar o problema de forma ampla é o principal caminho para resolvê-lo. Tratar os sintomas, como é caso do afastamento temporário das famílias de dentro das suas propriedades em casos de desastres, já mostrou que não traz a solução desejada. Os moradores sempre voltam porque, simplesmente, não tem para onde ir e a tendência é de que o terreno considerado de risco e, por muitas vezes irregular, continue sendo apropriado pelos que não possuem moradia digna. Aliado à segurança, transporte e trabalho, este talvez seja o grande problema de morar em uma região metropolitana, onde há mais oferta de emprego no centro, mas com salário baixo a ponto de um morador do Alto Tietê, ou qualquer outra cidade que circunda uma metrópole, não ter condições de arcar com a prestação ou aluguel de um imóvel.
Com o mapeamento em mãos, a região pode tentar mudar um pouco essa sina e buscar melhores estratégias para solucionar, ou, ao menos, minimizar o problema.