O que ocorreu no último domingo com candidatos de Salesópolis, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes que perderam a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por causa de atrasos nas partidas de ônibus intermunicipais é apenas uma amostra do que passam os passageiros que dependem do transporte público coletivo. Neste caso a implicação foi bastante grave, tanto que rendeu multa à empresa responsável pela linha, Radial Transporte, e ainda deverá ensejar ações na Justiça para reparar os danos causados àqueles que usariam a nota obtida para tentar vaga em instituições de nível superior.
Ainda que a primeira reação da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) tenha sido autuar a concessionária, o episódio deve servir de alerta para que passe a fiscalizar mais a qualidade do serviço prestado nas linhas intermunicipais. Esse problema em específico ocorreu justamente no primeiro dia em que a Radial assumia a linha 311, entre Salesópolis e Mogi, depois de ser deixada pela antecessora, a CS Brasil. Logo na estreia e numa data tão importante para várias pessoas, foi algo bem frustrante e revoltante. Isso sem contar que faz muita gente pensar se isso não será recorrente.
O mais importante agora é saber o que será feito pelo órgão responsável, neste caso a EMTU, e que respaldo será dado aos usuários das linhas intermunicipais de ônibus. O mínimo que se espera é que as consequências e a multa teoricamente aplicada possam fazer com que o serviço entre no eixo: que os horários de partidas sejam respeitados e que haja coletivos em número suficiente para dar conta da demanda e dos intervalos das viagens na ida e na volta.
Como dito anteriormente, o caso reflete bem o que se encontra em várias outras cidades da região. Hoje se paga muito caro pela passagem e, sem dúvida, o serviço prestado não está nem um pouco à altura. O que mais se vê são pontos abarrotados, por causa do número insuficientes de ônibus, e pessoas descontentes. E depois de tanta espera, quando o passageiro embarca, os ônibus estão lotados. A viagem se torna cansativa e demorada. Ainda que as concessionárias do transporte contestem críticas como esta, na prática, quem vive o dia a dia, sabe que a teoria dos argumentos contrários não existem da maneira como são expostos.
As empresas alegam altos custos para manutenção e contratação de pessoal, mas elas receberam a concessão e devem honrar o serviço e investir sempre na qualidade. Se não fica difícil justificar aumento atrás de aumento na tarifa. E a insatisfação só cresce.