O comércio do Alto Tietê encerra 2025 com um desempenho dentro do esperado, marcado por um consumo mais cauteloso, segundo avaliação de entidades representativas do setor. Para 2026, o Sindicato do Comércio Varejista de Mogi das Cruzes e Região (Sincomércio), da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC) e da Associação Comercial e Empresarial de Suzano (ACE) apontam que o novo ano vai exigir dos empresários planejamento e gestão eficiente e que haverá oportunidades de crescimento em datas estratégicas, como a Copa do Mundo.
Na avaliação do Sincomércio, o desempenho do varejo em 2025 acompanhou o cenário nacional, com um consumidor mais atento a preços, promoções e formas de pagamento. Segundo o presidente Valterli Martinez, o destaque foram as datas promocionais, como a Black Friday, com boas vendas, e resultados positivos para grande parte do comércio, especialmente nos setores de vestuário, eletroeletrônicos e utilidades, contribuindo para o giro de estoques e aumento do fluxo nas lojas.
A expectativa da entidade regional é otimista para este período de festas. "O Natal de 2025 deverá ser esperançoso, com expectativa de aumento no movimento e melhora nas vendas em relação aos meses anteriores, porém ainda sem atingir o volume de vendas considerado ideal pelo comércio", afirma Martinez. Segundo ele, no Alto Tietê, o comércio segue sentindo os efeitos dos juros elevados, crédito mais restrito e custos operacionais pressionados. "Em contrapartida, ações locais, campanhas de valorização do comércio, eventos e parcerias institucionais ajudam a manter o consumo na região", concluiu.
Mogi
Em Mogi, a ACMC avalia que 2025 foi marcado por um cenário de desaceleração econômica. Segundo a presidente da entidade, Fádua Sleiman, e o vice-presidente, Issa Mohamad Khaled Issa, embora o comércio tenha registrado resultados positivos, o desempenho foi mais moderado do que em 2024 e ainda distante do patamar observado em 2019, antes da pandemia de Covid-19. O principal fator de impacto, segundo eles, foi a manutenção da taxa Selic (taxa básica de juros da economia) em nível elevado, em torno de 15%, o que reduziu o acesso ao crédito e encareceu financiamentos, afetando especialmente segmentos dependentes de vendas parceladas.
Apesar das dificuldades, os dirigentes da ACMC apontam que o desempenho do comércio deve ser positivo neste fim de ano, com a estimativa de aumento de até 12% nas vendas em relação ao mesmo período de 2024. Eles destacam o aumento do movimento de consumidores tanto no Centro quanto nos bairros, impulsionado pelo pagamento do 13º salário e pelas compras típicas da época, e ainda afirmam que parte dos consumidores utilizou o reforço de renda para reorganizar as finanças e quitar dívidas, o que pode contribuir para um ambiente de consumo mais favorável em 2026.
Mesmo em um ano desafiador, alguns segmentos conseguiram se destacar em Mogi, segundo os dirigentes da ACMC, como turismo, alimentação e vestuário, que apresentaram desempenho acima da média, graças a eventos regionais, datas comemorativas e a retomada gradual da mobilidade. Ainda assim, Fádua e Issa ressaltam que manter as atividades, preservar empregos e seguir operando ao longo de 2025 representou um avanço diante do contexto econômico.
Suzano
Na cidade vizinha Suzano, a ACE, que completou 57 anos neste ano, avalia, assim como o Sincomércio, que o desempenho do comércio em 2025 foi positivo e dentro do esperado, especialmente no segundo semestre e neste período de fim de ano.
A entidade afirmou que promoveu uma agenda intensa de ações voltadas ao empreendedorismo, à capacitação e ao fortalecimento do comércio local, como eventos de networking, com rodadas e encontros de negócios; campanhas de valorização do consumo, como o Natal Premiado, e projetos de impacto social voltado, por exemplo, para preparar jovens para o mercado de trabalho e de estímulo ao empreendedorismo feminino.
Próximo ano
O próximo ano exigirá cautela, planejamento e criatividade, na avaliação das entidades. O Sincomércio projeta crescimento moderado, condicionado à melhora do crédito, ao controle da inflação e ao aumento da confiança do consumidor. A entidade destaca ainda oportunidades no fortalecimento do comércio local, com o uso do digital como apoio à loja física e em ações voltadas a datas comemorativas.
Fádua e Issa, da ACMC, destacam que 2026 deve ser um ano atípico, marcado por um calendário com muitos feriados prolongados, mas que oportunidades. "Os feriados tendem a reduzir o número de dias úteis, o que pode impactar alguns setores como indústria e serviços. Por outro lado, comércio, turismo, alimentação, bebidas e entretenimento devem se beneficiar, desde que haja planejamento e ações promocionais bem estruturadas", afirmam.
Por outro lado, eventos como a Copa do Mundo, segundo os dirigentes da entidade mogiana, costumam impulsionar bares, restaurantes, supermercados, lojas de eletrodomésticos e o mercado publicitário. Enquanto, as eleições trazem um ambiente de maior volatilidade política e econômica, o que pode gerar cautela nos investimentos, porém, movimentando setores ligados à comunicação, eventos e prestação de serviços, além de gerar empregos temporários.
Na visão da associação, o próximo ano será um ano desafiador, mas, repleto de oportunidades. "Será um verdadeiro teste de resiliência para os empreendedores. Aqueles que conseguirem planejar com antecedência, acompanhar o cenário econômico, agir com criatividade e manter disciplina na gestão tendem a sair fortalecidos", ressaltaram a presidente e o vice-presidente da ACMC.
Já a ACE Suzano projeta um ano de consolidação e crescimento gradual, com foco na inovação, no fortalecimento do associativismo e na ampliação do diálogo entre empresários, entidades e poder público.