O Movimento Pedágio Não, que desde os primeiros anúncios da concessão do Lote Litoral Paulista se posiciona contra a instalação de pedágios na rodovia Mogi-Dutra, planeja uma nova manifestação em breve. O coordenador Paulo Boccuzzi, diz que agora o grupo concentra esforços em cobrar a isenção de moradores de Mogi das Cruzes e Arujá nos pedágios eletrônicos. Os equipamentos estão previstos para entrar em operação em novembro na via e também na Mogi-Bertioga (SP-098), que estão sob administração da Concessionária Novo Litoral (CNL)

Segundo Boccuzzi, a articulação com lideranças regionais e o engajamento da população são fundamentais para que políticos e autoridades retomem o apoio à causa. Para agendar a manifestação, o grupo aguarda novidades sobre as obras em andamento na Mogi-Dutra. Os serviços de microrrevestimento asfáltico realizados neste mês provocaram trânsito intenso na via. "As obras pararam e, antes de mobilizar a população, esperamos uma definição para ver se haverá novidades, pois, justamente o transtorno causado fez com que muitas pessoas voltassem a se manifestar contra os pedágios na via", explicou o coordenador. 

O movimento ganhou novo impulso, de acordo com o Boccuzzi, também com os recentes posicionamentos da Prefeitura de Arujá e da Câmara de Mogi das Cruzes, que enviaram ofícios ao Governo do Estado pedindo a isenção da tarifa para moradores. Na esteira desses apelos, o grupo publicou nesta terça-feira (23) um abaixo-assinado virtual solicitando que moradores de ambas as cidades não paguem o pedágio. Até a tarde desta quarta-feira (24), 1,7 mil pessoas haviam assinado o documento, que lista uma série de argumentos contra a cobrança. 

“A isenção aos mogianos e moradores de Arujá seria o mínimo que o Governo do Estado poderia fazer pela região, diante do absurdo que é a colocação dos pedágios”, afirmou Boccuzzi, destacando também a importância da mobilização popular para engajar políticos e lideranças. “Os nossos políticos atuais só se engajam na medida em que a população se mobiliza. O abaixo-assinado é justamente para mostrar a união da população e reforçar os pleitos de Mogi e Arujá”, completou. 

O Pedágio Não também planeja encontros com lideranças, incluindo uma reunião na próxima semana com o vice-prefeito de Arujá, Rodolfo Machado, para debater estratégias e futuras manifestações. “A ideia é agora unir forças, Mogi e Arujá contra a cobrança”, destacou Boccuzzi. Ele acredita que é possível garantir a isenção para os moradores das duas cidades, já que medidas semelhantes têm sido adotadas em cidades do litoral, como  Santos, por meio de adendos aos contratos de concessão. 

Mobilização

Após o primeiro anúncio em 2019, o cancelamento em 2021 e o retorno da discussão em 2023, o Lote Litoral Paulista, que inclui as rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga, foi concedido à iniciativa privada em abril do ano passado, após leilão realizado pelo Governo do Estado. Segundo Boccuzzi,  o projeto passou por várias ratificações a partir do diálogo com as outras cidades envolvidas e a última versão não ficou acessível ao público. "Antes haviam sinalizado a duplicação da Estrada da Pedreira, mas isso não foi mais falado. Na fase final de implantação faltou transparência, pois pararam de dar publicidade para a última versão do projeto. Negociaram com as cidades melhorias e depois não mostraram”, destacou. 

Questionada sobre o apelo da Câmara de Mogi para a isenção, a concessionária informou em nota nesta terça-feira (23) que, em Mogi, está garantida em contrato a isenção para os moradores do distrito do Taboão. Já os usuários cujo percurso tiver origem ou destino no acesso à Estrada da Pedreira deverão pagar uma tarifa proporcional. O movimento levanta dúvidas sobre como será aplicada a isenção. "O mais coerente seria a isenção pelas placas, porque aí realmente faz sentido ser o Lote Litoral, pois deixa de cobrar quem circula nas cidades e cobra quem vai de fato para as praias”, conclui o coordenador do grupo.