A Prefeitura de Mogi das Cruzes, por meio da Secretaria Municipal da Mulher, promoveu na noite de quinta-feira (29), no auditório da Câmara Municipal, a apresentação das histórias selecionadas para o Reconhecimento Mãe Potência. O concurso foi criado com objetivo de celebrar relatos de vida de mães da cidade, marcando também o mês que comemora o Dia das Mães.

Foram mais de 50 narrativas enviadas por mulheres mogianas, sendo escolhidas 10 para apresentação ao público. “Foi muito emocionante e ao mesmo tempo muito difícil fazer essa seleção, mas tenho certeza de que essas mulheres e suas histórias representam todas as mães mogianas que lutam e se dedicam integralmente para os seus filhos”, afirmou a secretária municipal da Mulher, Lívia Bolina.

A iniciativa foi desenvolvida em parceria com outros órgãos com a proposta de transformar histórias reais em potência coletiva. “Coragem significa ‘coração que age’ e é exatamente isso que nos mostram essas mulheres e suas histórias de luta e superação”, complementou a vereadora Priscila Yamagami, que atuou em conjunto para a realização do evento.

A cerimônia promoveu o reconhecimento simbólico das mães selecionadas por suas histórias. Cada uma delas recebeu um certificado e flores. Conhece brevemente cada história:

Beatriz Nogueira Beltrã

Moradora da Vila Cléo, mãe do Noah, que nasceu com um sopro no coração e líquidos no pulmão. Como muitas mulheres que voltam da licença-maternidade, Beatriz foi demitida da empresa onde trabalhava havia 8 anos.
No mês em que recebeu o último valor do seu seguro-desemprego, veio o diagnóstico de autismo grau de suporte 2 de Noah.  Mãe solo, passou por muitas dificuldades financeiras e emocionais. Em 2024, inspirada na realidade do filho, decidiu iniciar uma nova faculdade, a de Terapia Ocupacional.

Maria Cristina Paulino de Brito

Mãe de três filhos, Maria Cristina percebeu que o seu segundo filho, Marcos, era diferente: não interagia e era considerado apático pelas pessoas. Algum tempo depois de iniciar investigação médica, veio o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista. Para dar todo o suporte que Marcos precisava, Maria Cristina saiu de seu trabalho e montou um salão de beleza em casa, onde teria mais flexibilidade de horário para levá-lo às terapias. Nesta época, descobriu que estava grávida.

Apesar do desafio de cuidar de duas crianças, sendo uma autista, ela foi à luta, criou os filhos e decidiu ajudar outras pessoas. Com os filhos grandes, fez faculdade de Educação Social e está com planos de fazer pós-graduação em Musicoterapia, para tornar a jornada de outras famílias atípicas.

Ester Antonia de Sousa Silva

Grávida de quase 30 semanas, Ester tem como maior inspiração a sua mãe, uma mulher batalhadora, que deixou o Piauí aos 15 anos para buscar uma vida melhor em São Paulo e, além de realizar o sonho de ser mãe com a Ester, adotou uma criança e, já com os filhos adultos, ao se casar novamente, decidiu que queria ser mãe mais uma vez. Aos 50 anos, depois de anos tentando, se tornou mãe de gêmeas, que, mais que irmãs de Ester, se tornaram também um pouco filhas dela, tamanho é o amor que ela tem pelas irmãs e pela mãe. Ester é dessas mães de várias formas, doando amor à mãe, aos irmãos e agora ao próprio filho, que chegará em algumas semanas para coroar esta história de superação, inspiração e amor.

Marcella Cristina Fonseca Machado Borges

Marcella viveu a maior dor que uma mãe pode viver: a da perda de um filho. Na verdade, dois. Ela sofreu duas perdas gestacionais, que, como todas, foram muito dolorosas. Quando uma mãe perde um filho nascido, as pessoas abraçam, acolhem e dizem que sentem muito. Quando este filho ainda está na barriga, as mães ouvem frases como “fica tranquila! Logo, você engravida de novo” ou “ainda bem que foi no começo. O sofrimento seria maior depois”. As pessoas não falam isso por mal. É que elas não sabem o tamanho dessa dor. Depois de um tratamento feito pelo marido de Marcella, chegou em 2019 o tão sonhado Marcello, nome dado em homenagem ao pai de Marcella, que partiu antes de conhecer o neto. Com dois anos, Marcello foi diagnosticado com TEA. Hoje, aos 6 anos, ele tem uma vida funcional, faz terapia, judô e muito mais coisas do que poderiam imaginar.

Graziela de Souza

Dizem que a gente só dá o que recebe, mas Graziela prova o contrário. Ela passou a infância em orfanatos, sem receber amor e proteção que todas as crianças deveriam ter. Não teve pais que a colocassem pra dormir, que a ajudassem a fazer a lição de casa, que cuidassem dela quando estava doente, que a abraçassem num dia difícil. Começou a estudar aos 15 anos: fez supletivo, faculdade e hoje tem MBA em Finanças. Todo o amor que ela não recebeu ela dá aos dois filhos, Emilly, de 16 anos, e Emanuel, de 8 anos. Eles são sua grande paixão e nunca vão saber o que é a falta de cuidado e carinho, porque Graziela transformou o seu sofrimento em amor e dedicação.

Daniela Lamim Faria

Daniela é uma guerreira. Passou a maior parte da infância de seu único filho, o Dudu, com ele internado no hospital. Ele nasceu com epilepsia, tinha o tendão de Aquiles encurtado, teve de usar órteses e passou a vida inteira fazendo fisioterapia. Quando Dudu tinha 4 anos, Daniela perdeu o marido e pai de seu filho num trágico acidente de carro. Seguiu mãe solo, fazendo de tudo para que seu filho fosse feliz e ganhasse autonomia.
Aos 20 anos, Dudu foi diagnosticado com autismo. Não foi fácil aceitar, mas Daniela seguiu lutando e hoje está cheia de orgulho do filho que hoje dá aulas de idiomas, fala coreano e é fluente em espanhol. Juntos, eles são mais fortes e estão juntos buscando um mundo mais acolhedor com as diferenças.

Juliana Aparecida Oliveira

Juliana tem três filhos: Davi, de 12 anos, autista; Gabriel, de 9 anos, um guerreiro, que sobreviveu a 14 cirurgias e três paradas cardíacas quando nasceu prematuro, após um acidente; e Luiz Gustavo, filho de seu atual marido, Diego, que chegou para completar seu coração de mãe. Abandonada pelo pai dos dois primeiros filhos e com a partida de seu pai, que era seu maior apoio, ela se viu perdida, mas se reinventou. Criou um projeto social, o Nas Ruas pelo Reino, e passou a ajudar outras famílias. Se encontrou no mundo da comunicação e hoje tem seu próprio programa de rádio e podcast.

Regiane Prudente Kato Neris

Regiane viveu um luto de filho vivo. Quando ele tinha 17 anos, se envolveu com o mundo das drogas. Ele andava nu pelas ruas, chegou a agredir as pessoas e a vender itens de sua própria casa para manter seu vício. Ela o internou para o tratamento contra a vontade do filho, que, aos poucos, foi aceitando e entendendo que sua única saída era a recuperação. Foram tempos sombrios, de muita depressão e dificuldade. Eles venceram!! Mas a vida de Regiane não estava completa. E ela descobriu o que faltava, anos depois: João, um bebê sem família, com sérios problemas de saúde. Os médicos diziam que ele não falaria, não enxergaria e não iria se mover. Regiane e o marido não tiveram dúvida! Entraram na Justiça para conseguir adotar a criança. Demorou, foi difícil, mas eles conseguiram. Hoje, ele fala, enxerga, ouve e transforma todos os dias cada dificuldade em vitória.

Claudia da Fonseca

Nascida em Pindamonhangaba, numa família muito simples, Claudia passou a infância vendo a mãe dividir um único ovo entre os sete irmãos todos os dias. Essa mesma mãe, tinha que fugir às pressas da própria casa, muitas vezes, para escapar do espancamento do pai de Cláudia, um alcoólatra violento, que proibia os filhos de estudarem.Seu maior sonho era ter uma casa com piso, móveis e geladeira, se tornar policial e mãe. Já morando em Mogi das Cruzes, adulta, foi trabalhar como balconista numa padaria, onde conheceu seu grande amor, um policial que ia com seus colegas tomar café. Ela esperou por ele por 9 anos. Quando pensou em desistir, ele se ajoelhou no meio do Batalhão, pediu perdão e que ela ficasse com ele. Ela aceitou e realizou todos os seus sonhos: ter um grande amor, ser policial e mãe. Lucas nasceu em 8 de dezembro de 2010 e Claudia viveu um dos momentos mais felizes de sua vida. Mas, pouco mais de um ano depois, a serviço, fardada, foi avisada pelo seu parceiro de viatura que seu marido havia sofrido um acidente. Ela foi até o local e a soldado Fonseca deu lugar à Claudinha, como é chamada pelos amigos, para dar o último beijo em seu grande amor ainda com vida.
Seu luto, que já dura 13 anos, hoje está mais leve e ela transformou a ausência de Almir em exemplo e amor para dar ao seu outro maior amor: o Lucas.

Roberta Flávia Fidalgo

Roberta é daquelas mulheres que sempre sonharam em ser mães. Ela tentou por 11 anos. Casou-se com um homem com quem viveu um relacionamento abusivo e de muita violência. Chegou a engravidar deste companheiro duas vezes. Uma das gestações era de gêmeos. Mas a violência resultou em dois abortos e um sofrimento inominável. Ela não desistiu. Conheceu a Carol, elas se apaixonaram e dividiram o projeto de serem mães. Com uma fertilização in vitro, o sonho se tornou realidade e se chama Bento, um menino lindo de 6 anos, que está crescendo rodeado pelo amor de duas mães. Roberta e Carol não são mais um casal, mas pra sempre serão a família do Bento.