Dois homens são investigados por colocar em perigo a integridade e a saúde de 25 pessoas idosas que foram encontradas na última terça-feira (29/04) vivendo em uma casa irregular na Estrada Velha de Santa Isabel, no Jardim Aracy, em Mogi das Cruzes. Uma mulher com câncer avançado morreu no local logo após a chegada da Vigilância Sanitária. O local que é particular, e não tem vínculo com a rede socioassistencial do município, de acordo com a Prefeitura de Mogi, foi interditado.
A Secretaria de Assistência Social de Mogi informou que vem acompanhando o caso e uma vistoria foi realizada no local na tarde desta quarta-feira (30/04), onde permanecem sete pessoas idosas, sendo que o restante foi levado do local por familiares. De acordo com a pasta, nenhuma das pessoas na casa tem residência em Mogi e a expectativa é de que, nos próximos dias, todos já tenham deixado o local. A Assistência Social afirma ainda que seguirá acompanhando o processo para ofertar atendimento e proteção social àqueles que assim necessitarem.
Entenda o caso
Segundo a administração municipal, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado na terça-feira para atendimento médico em um estabelecimento particular e ao constatar as condições do espaço, o caso foi reportado à Delegacia do Idoso. A Vigilância Sanitária e Conselho Municipal do Idoso também estiveram no local.
Apurações iniciais da Polícia Civil, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado, indicaram que os idosos viviam em ambiente com higiene inadequada, alimentação deficiente e estrutura física comprometida. O caso foi registrado na Delegacia de Proteção ao Idoso de Mogi como exposição a perigo à integridade e à saúde de idoso e morte suspeita. A SSP informou ainda que as diligências seguem em andamento para esclarecer todas as circunstâncias dos fatos.
Conselho do Idoso
A vice-presidente do Conselho Municipal do Idoso, Juraci Fernandes Almeida, acompanhou a ação da Polícia Civil no local e afirma que foram cenas de filme de terror. “Pessoas, cadeirantes inclusive, pessoas sem os membros inferiores, quartos para mais de 10 pessoas, tivemos depoimentos de idosos chorando. Uma mulher que estava com câncer avançado e morreu depois que a Vigilância chegou. Um filho que colocou a mãe no lugar e virou as costas”, contou.
Juraci disse ainda que se lembrou de quando seis casas de repouso particulares clandestinas foram fechadas na cidade há cerca de 20 anos. A preocupação da vice-presidente do Conselho é com o acompanhamento dos idosos pela Assistência Social, uma vez que a maioria deles é de outras cidades. “Tem que ter o acompanhamento do município, acionar a cidade de origem, o Ministério Público, os idosos não podem continuar dessa forma. Estou escandalizada”, disse.
Outro ponto de preocupação, segundo ela, é a possível existência de outros locais com o do Jardim Aracy em áreas afastadas da cidade. “Quantos mais temos por ai? É um local longe, distante de tudo. O Conselho Municipal da Pessoa Idosa cada vez mais tem certeza que haverá muito mais casas com envelhecimento acelerado da população e sem políticas públicas que atendam essa população e ajude a família a também cuidar da pessoa idosa. E é isso que acaba acontecendo a troco de um pequeno valor, que juntando todos é um valor polpudo para o proprietário, ele vive disso, em troca de uma cama para dormir e um prato de comida para o idoso”, concluiu.
Mogi
A Prefeitura de Mogi informou que é responsável, em parceria com organizações da sociedade civil, pela operação de sete Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). São, ao todo, 145 pessoas idosas acolhidas nessas unidades. As organizações da sociedade civil gestoras dessas unidades são selecionadas mediante chamamento público e recebem monitoramento contínuo por meio de visitas institucionais, supervisão técnica dos casos, reuniões periódicas e gestão de vagas. Trata-se, portanto, de unidades totalmente regularizadas e monitoradas de forma sistemática, para garantir a qualidade dos serviços prestados.