Uma comissão composta por 10 representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps) foi recebida na última terça-feira pela professora Laura Laganá, superintendente do Centro Paula Souza (CPS), mas não houve avanços na pauta de reivindicações da categoria. A greve por tempo indeterminado foi mantida nas Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado. 


O Sintesp informou que profissionais de 132 unidades da Etec em todo o Estado de São Paulo aderiram ao movimento, de forma parcial. Desse total, sete estão no Alto Tietê, nos municípios de Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Santa Isabel e Suzano. De acordo com o Centro Paula Souza, nenhuma unidade está 100% paralisada. Entretanto, por conta da paralisação, as unidades das Etecs e Fatecs do Alto Tietê estão com aulas em horários parciais.


De acordo com levantamento parcial do Centro Paula Souza, realizado até as 14 horas da última terça-feira (8), 18% dos professores de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e das Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) com aulas no período da manhã aderiram à paralisação. "É importante destacar que em apenas 6 das 228 Etecs, o equivalente a menos de 3%, houve paralisação total, fazendo com que esses estudantes não tivessem atividades no período matutino. Nenhuma Fatec interrompeu as atividades pedagógicas", informou em nota.


Comissão

A reunião ocorreu após a manifestação realizada pela entidade em São Paulo, que marcou a abertura do movimento e, segundo o Sinteps, contou com a participação de aproximadamente mil pessoas. Fizeram parte da comissão, recebida pela superintendente, diretores da entidade e grevistas das regiões da capital, interior e Baixada Santista.


De acordo com Sinteps, a professora abriu a reunião dizendo que não tinha mais novidades além do que havia sido conversado no encontro com os secretários de governo na última quinta-feira (3), como o aumento do reajuste, estipulado em 6%, ou a revisão do valor do Bônus Resultado ou do período de pagamento, previsto para outubro.


A superintendente teria dado um prazo de dez dias para apresentar uma proposta com as diretrizes de carreira.  ''Ela fez questão de enfatizar que o envio da proposta não garante que o governo irá acatá-la ou sequer concordar em discutir a carreira do Centro em separado das demais categorias", afirmou o sindicato em nota.  Para a entidade, é importante que a categoria tenha uma proposta de revisão de carreira formatada e enviada ao governo o quanto antes, para o andamento da negociação. 


Sobre a jornada docente, de acordo com o Sinteps, a superintendente frisou não ser contrária, mas tem o temor de não conseguir contratar os professores necessários e deixar os estudantes sem aulas. Os membros da comissão ponderaram que essa dificuldade já existe hoje e tem relação com a baixa remuneração. Após a discussão, a professora sinalizou com apresentação de uma proposta de implantação progressiva da jornada.


“A ideia não é prejudicar os estudantes ou algum funcionário da CPS, mas sim defender as reivindicações dos professores e servidores. Como não houve diálogo da parte do governo, a greve foi a única forma de se fazerem ouvir”, disse Bahiji Haje, integrante do Sinteps.


Reivindicações 

De acordo com o Sinteps, os servidores pedem reajuste salarial, e apontam uma defasagem de 53%; o pagamento imediato do Bônus Resultado, que deveria ter sido pago em maio, e a revisão do plano de carreira, o que não ocorre desde 2014, além da contratação de funcionários e docentes para suprir as necessidades das  unidades de ensino.


O sindicato informou ainda que a greve acontece também pela defesa das escolas do Centro Paula Souza por conta da proposta do governador Tarcísio de Freitas de implementar ensino técnico diretamente na rede estadual, à margem do Centro Paula Souza, que é o órgão estadual paulista responsável por essa modalidade de ensino há mais de 50 anos, com notória qualidade e respeito da sociedade.


Centro Paula Souza

O Centro Paula Souza informou que trabalha para valorizar os servidores da instituição. A Bonificação por Resultados (BR), referente ao ano de 2022, por exemplo, já foi publicada no Diário Oficial do Estado e será paga até outubro, podendo ser antecipada para setembro. 


"A atual gestão, já em seu primeiro ano de governo, concedeu um reajuste acima da inflação para os servidores públicos. O estudo para o novo Plano de Carreiras dos servidores do CPS está em andamento e contava, até o dia 23 de junho, com a participação de representantes do sindicato, que optaram por se desligar do grupo de trabalho. A proposta do novo plano de carreira será encaminhada às instâncias responsáveis pela sua análise até setembro, e as contribuições do Centro Paula Souza serão avaliadas", destacou em nota.


De acordo com o Centro, o investimento nas Etecs e Fatecs para ampliar as oportunidades de acesso à formação profissional gratuita em São Paulo é compromisso da atual gestão. A instituição afirmou que adotará todas as medidas necessárias para garantir que os estudantes não sejam prejudicados.


*Texto supervisionado pelo editor.