Na última segunda-feira, dia 15 de maio, foi celebrado o Dia do Assistente Social junto aos 30 anos do Código de Ética da profissão. De acordo com o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), a profissão tem como objetivo promover a defesa dos direitos fundamentais da população, sobretudo dos mais vulneráveis. Em Mogi das Cruzes, o trabalho se soma às especificidades das demandas da cidade que ainda sofre com os efeitos da Covid-19, como explica a secretária de Assistência Social, Celeste Gomes.
"Tivemos um aumento do número de pessoas em situação de rua agravada pela pandemia. São pessoas ainda enlutadas, que perderam seus amores e que infelizmente não conseguiram ocupar os espaços de emprego com a retomada, e se encontram em situação de rua e alcoolismo. Então a Assistência Social vai trabalhar com a integralidade de cuidados, em parceria tanto com a Saúde, Educação, Esporte, Cultura, pensando em ações unificadas", explicou a chefe da pasta.
A política de assistência social, segundo Celeste, para prevenir e combater tais casos, bem como acolher as vítimas, atua de maneira multidisciplinar com psicólogos, advogados, pedagogos, entre outros profissionais.
Ainda como consequência do coronavírus, a secretária relata a situação de crianças e jovens com famílias desestruturadas por perdas provocadas pela doença: "Tivemos relatos de crianças que perderam os avós na pandemia e, esses adolescentes acabaram indo para uma família extensa (sob cuidados de outros parentes). E como forma de gerar alguma renda, eles acabam ocupando espaços de situação de mendicância".
Em atenção a este público, de acordo com a secretária, o município aprovou, no ano passado, a Lei da Aprendizagem Municipal (Lei n°7.793/2022), que prioriza o atendimento ao jovem. "Nós estaremos com 20 adolescentes atuando pelo Programa de Aprendizagem dentro da Prefeitura. Jovens que estão crescendo no Serviço de Acolhimento. A ideia é ofertar o atendimento junto ao trabalho no serviço municipal para que possamos preparar o adolescente para que ele seja o protagonista da própria história".
Além disso, Celeste destacou o olhar para a primeira infância, como meta prioritária, com ações como o programa Família Acolhedora, que retira a criança em situação de rua. Este não é um serviço de acolhimento institucional, segundo a secretária, mas uma família que acolhe, de forma provisória ou permanente, com mediação do município.
Celeste destacou ainda outros programas que ganharam mais espaço para atender as demandas da cidade, como o Criança Feliz, com foco na capacitação dos lares cuidadores de crianças, mitigando eventuais ocorrência de exclusão e abandono social, e a inauguração de duas repúblicas para jovens a partir de 18 anos.
Barreiras sociais
Segundo a assistente social e coordenadora de projetos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Mogi, Adriana Ribeiro Martins Noronha, o principal desafio para promover a integração social dos mais vulneráveis é o preconceito. "Ainda temos as barreiras atitudinais, compreendida como barreira social. É imprescindível que a sociedade quebre os estigmas, pois eles têm muito a contribuir com a educação popular e sua força de trabalho e resinificação", disse.
Adriana salientou que há leis suficientes para garantir o direito dos mais vulneráveis, mas que falta colocá-las em prática, exigindo do profissional uma visão para além dos cadernos de orientação técnica. "Requer um olhar humanizado, não impor a sua vontade e verdade aos atendidos", afirmou. Ao mesmo tempo, para ela, "é de suma importância reconhecer a individualidade de cada um, suas dificuldades, limitações e a força contraditória que envolve o mundo capitalista. Só assim iniciamos um trabalho profícuo, com o objetivo de uma transformação social", afirmou.
*Texto supervisionado pelo editor