Circula na internet uma imagem retirada de uma rede social mostrando que, em menos de trinta dias no Brasil, quatro eventos mostraram o pior lado de nossa sociedade. Em menos de quatro semanas, restou a todos nós perguntar qual é a instituição que ainda funciona plenamente em nosso país.
De Sergipe à Amazônia, de Santa Catarina ao interior de São Paulo, passando pela Estrada da Volta Fria, vimos as diversas faces da violência: cometida pelo Estado, por criminosos, por agentes do Poder Judiciário e servidores públicos. Por pessoas que usaram das prerrogativas da Lei de Execução Penal para matar, barbarizar e traumatizar diante de testemunhas e câmeras.
O fio condutor na maioria dos casos foi a relativização da violência por parte de setores que deveriam garantir e proteger a população da barbárie. O resultado pífio aos agressores e mandantes dos crimes mostra que o ódio ao semelhante é a única instituição que ainda funciona plenamente e sem interferências no Brasil, diante da impunidade, da normalização diante da violência, da banalização do desrespeito aos direitos adquiridos por nossa sociedade.
O descolamento de algumas das autoridades não apenas da realidade dos fatos, mas da própria condição atual da sociedade, assusta qualquer pessoa que já tenha feito leitura de um livro de História. A barbárie não é um fato fechado em si, mas a lenta progressão de ressentimentos, cuja origem pode variar entre uma miríade de fatores, que ganha novas camadas de separação de classe, de gênero, de ideias, e escoa inexoravelmente a um conflito interno muito mais pernicioso que qualquer ameaça externa, seja real ou imaginária, por se prolongar diante de gerações, caso nada seja feito.
Gestores públicos trabalham incansavelmente para manter a coesão de nossas comunidades, pleiteando recursos financeiros e pessoais, buscando o estímulo ao comércio e à indústria com novas vagas de emprego. Porém não há a garantia de que as leis aplicadas no momento em que se fizerem necessárias. Diante das dificuldades em trazer a normalidade à vida das pessoas, o ódio não pode ser a única coisa que funciona no Brasil.