Em uma indústria, grandes comércios ou depósitos, um dos itens mais importantes da edificação é, sem dúvida nenhuma, o piso.

Praticamente, todos os outros componentes do prédio podem sofrer manutenção com impactos menores na produção. Até a troca da cobertura, por exemplo, pode causar menos transtornos do que uma troca de piso.

Normalmente, engenheiros projetistas e construtores não tomam o devido cuidado com esta parte do projeto. A grande maioria dos profissionais da construção civil não sabe a diferença de comportamento estrutural entre uma placa e uma laje. Armam-se placas de piso como se fossem lajes, com predominância de armadura positiva. E este assunto, infelizmente, não é ensinado em nossas escolas de Engenharia.

Por isso, quis trazer neste artigo alguns tópicos que determinarão o desempenho de um piso industrial.

Na fase do projeto, deve-se determinar, inicialmente, quais serão as solicitações mecânicas e se ocorrerão agressões de abrasão, químicas e térmicas, além da planicidade desejada (F-Numbers).

Entende-se por solicitações mecânicas as cargas que atuarão no piso: podem ser dinâmicas (veículos tais como empilhadeiras, caminhões etc.) e estáticas (pallets, prateleiras, equipamentos etc.).

São agressões abrasivas as rodas de aço ou poliéster, batidas com peças metálicas, entre outros. Nas agressões termo-químicas, deve-se conhecer previamente os produtos, concentrações, PH, regime de escoamento - contínuo ou eventual-, além das temperaturas envolvidas.

Outro fator de fundamental importância, ainda na fase de dimensionamento, é o pleno conhecimento do terreno onde o piso industrial irá se apoiar. Para isso, são necessárias sondagens e eventuais ensaios CBR (California Bearing Ratio) que avalia a capacidade de suporte do solo.

Com estes dados coletados, o projetista irá dimensionar as espessuras do piso, da sub-base e do subleito e, baseado na planta baixa de arquitetura do prédio ou arruamento, estudar as alternativas estruturais (estaqueamento, protensão, armação simples ou dupla etc.) e o plano de juntas. Não devemos esquecer que as juntas sempre são os pontos fracos de um piso e onde, normalmente, se iniciam os problemas.

O próximo passo do projeto é definir os materiais, tolerâncias superficiais, procedimentos de cura, tratamentos superficiais e controle tecnológico, além de definir o material para o preenchimento das juntas. Existe uma infinidade de materiais no mercado, com diferentes usos e preços. Com isso, temos o projeto elaborado e podemos passar para a segunda fase, que é a construção do piso industrial.

Lembre-se: para se ter um bom resultado técnico e econômico, é imprescindível trabalhar com profissionais experientes e preparados. O mais barato não necessariamente é o mais econômico.

Orlando Pozzani Jr. é engenheiro Civil e de Segurança