A justificativa dada pela Secretaria de Estado da Saúde sobre a campanha de vacinação contra raiva ter sido adiada para evitar aglomerações durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foi contestada pela Prefeitura de Mogi das Cruzes e membros do Legislativo. Segundo os citados, as doses não foram enviadas para o município devido à incapacidade de produção das vacinas.
De acordo com a Secretária Municipal de Saúde de Mogi, o adiamento da campanha não tem relação com a pandemia, conforme justificou o governo do Estado. O não envio das vacinas estaria, na verdade, relacionado com problemas na produção das doses, e por este mesmo motivo a campanha não foi realizada no ano passado.
Este será o segundo ano consecutivo que Mogi não receberá as doses antirrábica. A campanha, que costuma ocorrer, entre os meses de agosto e setembro, teve sua última edição na cidade em 2018. Na ocasião, cerca de 55 mil animais foram imunizados, segundo a prefeitura.
Apesar da não realização da campanha, o Centro de Controle de Zoonoses de Mogi tem conseguido atender às demandas de animais levados ao local para vacinação.
A vereadora Fernanda Moreno (MDB) também rebateu a justificativa da Secretaria de Estado da Saúde sobre o adiamento da campanha. "Já no ano passado, criei uma moção de apelo solicitando as doses e o governo do Estado respondeu que não dispunha do soro, que é a matéria-prima da produção das vacinas", declarou.
A situação é preocupante para a parlamentar, que considera a realização anual da campanha de vacinação o método mais eficaz para prevenir o retorno da doença. "Muitas pessoas não possuem condições para pagar pela vacina e dependem totalmente da campanha. Precisamos ficar atentos. A raiva foi erradicada, mas, com o relaxamento, a doença pode voltar", completou Fernanda.
Na sessão ordinária de quarta-feira, a Câmara de Mogi das Cruzes aprovou a indicação da vereadora Fernanda para aquisição de vacinas antirrábicas pelo município para realização de uma campanha própria para imunização de cães e gatos
Orientação
Em Suzano as doses também não chegaram. A prefeitura do município informou que não recebeu as vacinas do governo do Estado. Em 2019 a cidade conseguiu realizar a campanha solicitando doses de estoques de municípios vizinhos e da cidade de São Paulo. Na última vacinação, aproximadamente 33 mil animais foram imunizados.
Diante dos estoques vazios, o Instituto Pasteur, unidade da Secretaria de Estado da Saúde que é referência nacional no tratamento e diagnóstico de casos de raiva, orienta as prefeituras que solicitem doses emergenciais apenas se houver a confirmação de algum caso de raiva no município, para que sejam realizadas ações de bloqueio.
Desde 1997, o Estado de São Paulo não registra casos de raiva em humanos provocadas pela variante canina, e desde 1998 não há casos caninos e felinos.
Casos esporádicos podem ocorrer pela variante de morcego, sendo o último registro de 2018 após contato direto da vítima com um morcego infectado.