O processo natural de envelhecimento trás consigo uma série de fatores fisiológicos e psicológicos que aumentam a probabilidade de idosos entre 60 e 64 anos serem diagnosticados com depressão, conforme apontou o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Segundo o estudo, em 2019, pessoas dentro desta faixa etária são as mais afetadas pela depressão no país, representando 11,1% dentre os 11,2 milhões de brasileiros diagnosticados com a doença.
O assunto é abordado com mais frequência durante as ações realizadas neste mês, o "Setembro Amarelo", quando campanhas de prevenção ao suicídio são promovidas por todo o mundo. Um das causas do suicídio é a depressão, que tem maior incidência nos idosos.
A psicóloga especialista em Psicoterapia Breve, Sara Carlos da Silva, explicou que entre os 60 e 64 anos as doenças crônicas são mais frequentes e o declínio da saúde física leva também à situações de incapacidade e dependência. Muitas medicações também podem ter efeitos depressivos. "Existem múltiplos fatores estressores como a viuvez, a institucionalização, solidão, perda de pessoas próximas, sentimento de inutilidade e a diminuição da rede de apoio do convívio social, que podem levar à depressão", afirmou a psicóloga Sara. "Além disso, existem vários riscos que se somam principalmente nesta etapa da vida, atrelados à crenças sociais existentes sobre o processo de envelhecer", completou a especialista.
Ainda assim, é importante relembrar que o quadro depressivo, que pode levar ao suicídio, pode ser decorrente de variados sintomas ou da dificuldade em lidar com esses problemas. "Dentre os fatores de risco temos transtorno depressivo, transtorno afetivo bipolar, transtorno relacionado ao uso de álcool e outras substâncias, transtorno de personalidade e esquizofrenia", acrescentou Sara.
Outro fator que pode influenciar neste quadro clínico é a condição climática, como por exemplo, países com temperaturas muito baixas ao longo do ano. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que entre os locais com as maiores taxas de suicídio estão países de clima frio, como Lituânia (31,9 por 100 mil), Rússia (31 por 100 mil) e Bielorrússia (26,2 por 100 mil). "Temperaturas frias favorecem na preparação cerebral para a hora de dormir e no inverno é comum que as pessoas diminuam a movimentação, tornando-se mais reclusas e com menos atividades sociais. A diminuição da exposição a luz também reduz a produção de substâncias responsáveis pelo bom humor, como a serotonina e a dopamina", finalizou a psicóloga.
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é celebrado todo dia 10 de setembro desde 2003 e, em 2015, o mês inteiro passou a ser um símbolo na luta de prevenção à depressão e suicídio.