Na abertura do 1º Fórum Internacional de Educação dos Municípios do Alto Tietê, anteontem à noite, o processo de discussão sobre a retomada das atividades presenciais na educação infantil norteou os diálogos dos educadores palestrantes e os mais de seis mil professores da rede pública municipal que participam da iniciativa virtual promovida pelo Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê em parceria com as Secretarias Municipais de Educação (Condemat).
Com mais de três milhões de habitantes, incluindo Guarulhos, o Alto Tietê possui cerca de 570 mil estudantes matriculados da Educação Infantil ao Ensino Médio, nas redes pública e privada. O universo é um dos maiores do Estado e só na rede municipal o número de matrículas neste ano alcança 280 mil alunos.
"É muito gratificante que uma iniciativa do Condemat tenha o alcance desse Fórum Internacional porque reunir mais de seis mil profissionais, em plena pandemia, justamente para discutir os desafios que essa crise sanitária traz para a educação já é uma conquista", ressaltou o presidente do Condemat, e prefeito de Guararema, Adriano Leite (PL).
Na abertura, o palestrante Paulo Fochi expôs sua preocupação com a polarização dos contra ou a favor das aulas presenciais na educação infantil, sem levar em conta aspectos importantes que precisam ser considerados, como a parcela de crianças que dentro de casa estão mais expostas à violência, a questão alimentar, entre outros.
Um dos pontos destacados por ele é o extenso tempo de quarentena em razão do coronavírus (Covid-19), que já ultrapassa 200 dias. "Temos que considerar neste momento que a educação é muito afetada por isso e, a educação infantil, em especial, é a mais afetada. A estimativa é de que 30% das escolas privadas que atendem a educação infantil encerrem as suas atividades em razão da situação atual. Se pensarmos que a rede como um todo - público e privada - não atendia nem 40% da demanda infantil, o cenário é preocupante porque o setor público não conseguirá absorver todo público que tem direito a educação", disse Fochi, ao defender que não é possível uma resposta única para reduzir os danos do afastamento escolar. "Acredito que o olhar e o agir precisam ser localmente", acrescentou.
A educadora Sara Barros Araújo, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto (Portugal), também convidada da sessão de abertura do Fórum, compartilhou a experiência portuguesa e europeia no processo de quarentena e retomada das atividades escolares em meio à pandemia. Ao contrário do Brasil, onde o isolamento já passa de cinco meses, na Europa a retomada das atividades escolares se deu, na maioria dos países, em menos de três meses.
Em Portugal, por exemplo, Sara conta que as aulas foram interrompidas em 18 de março e foram retomadas em 18 de maio, justamente com as creches e, em junho, com a pré-escola. Ela compartilhou iniciativas que deram certo e outras que não correram muito bem e ressaltou que a maior dificuldade está em conciliar os protocolos de segurança com as diretrizes pedagógicas.
O 1º Fórum Internacional de Educação dos Municípios do Alto Tietê terá mais quatro videoconferências, a serem realizadas nos dias 9, 16, 23 e 30 de setembro, com as participações dos educadores Marcela Pardo, Alexsandro Santos, Fernando Mazzilli Louzada, Márcia Gil, Rita Coelho, Zilma Moraes, Emília Cipriano e Maria Malta Campos.
Experiência
Para o coordenador da Câmara Técnica de Educação do Condemat, Leandro Bassini, o compartilhamento das experiências e opiniões dos educadores é fundamental para contribuir na construção das decisões que os municípios precisam tomar. "A educação infantil é de responsabilidade exclusiva dos municípios e, neste momento, se faz necessário ter o respaldo técnico e de conhecimento das experiências para nortear as ações", finalizou.