Na manhã de ontem, a Escola Estadual Raul Brasil acolheu as pessoas que tiveram uma semana de muita tristeza. Professores e funcionários voltaram ontem para discutir planejamentos, estruturação de atividades e de preparação psicológica. A escola também abriu as portas para que os alunos pegassem seus pertences que acabaram ficando no dia da tragédia.
Na entrada dos fundos, funcionários improvisaram uma fila para que alunos e professores acessassem o local, de forma organizada, os estudantes entravam em um grupo de quatro pessoas, recolhiam os pertences. Muitos aproveitaram para homenagear os colegas mortos na quarta-feira passada.
Depois de cinco dias de muita tensão, os alunos Gabriel Aguiar, de 16 anos e Larissa Machado, de 15, voltam a Raul Brasil com intenção de não mudar de escola. "Aparecer hoje foi muito triste, eu não conhecia muito bem a escola, pois tinha entrado no começo do ano. Mas com certeza isso deixou um clima totalmente pesado. Eu não vou mudar de escola, infelizmente precisamos passar por isso e seguir em frente", apontou Gabriel.
Larissa disse que o sentimento é de tristeza. "É uma situação muito difícil, não consigo falar muito sobre o que ocorreu. Eu sou nova na escola, entrei junto com o Gabriel e estamos na mesma sala. Infelizmente vamos ter que ser fortes e seguir em frente''.
A escola também amanheceu com recados nos muros. Moradores e alunos de outras escolas fizeram homenagens com flores, pinturas em grafites, desenhos, velas e textos. Muitas frases diziam que os cinco alunos e as duas funcionárias foram especiais para eles e que "a aula está sendo no céu''.
Thaynara Pereira, 15, disse que está em choque. "Quando eu voltei hoje, as memórias e as recordações de quarta-feira voltaram na minha mente. Eu não sei nem o que dizer, estou totalmente sem palavras. Voltei para pegar minhas coisas, quero mudar de escola''.
Atendimento
A Raul Brasil vai oferecer auxílio psicológico durante esta semana aos funcionários, alunos e familiares das vítimas. Os atendimentos podem ser individuais ou coletivos.
Os funcionários tiveram o dia de ontem para passar por atendimento psicológico. Hoje a programação é voltada para os alunos e amanhã o dia será aberto à comunidade. Não haverá atividade obrigatória para os professores e alunos.
O Centro de Apoio Psicossocial (Caps) também está auxiliando as pessoas. O atendimento segue até esta sexta-feira, porém há possibilidade de prorrogação do serviço. O auxílio é feito na rua Otávio Miguel da Silva, 187, no Parque Suzano.
*Texto supervisionado pelo editor.