Entrar em análise é mudar de posição subjetiva, a pessoa para de se queixar de seu cotidiano e passa a se entender em uma "Outra Cena". Mudança difícil de conseguir. O que vemos é a queixa constante e a espera de ajuda que vem do outro, que esse outro entre em seus pensamentos ou em sua "mente" e retire tudo de lá sem nenhum esforço ou elaboração. E pasmem! Devido a essa demanda, há ofertas desse tipo! Um se queixa, o outro trata.
No caso da análise, o saber está do lado do inconsciente do analisando, não do analista, e é fundamental responsabilizar o sofredor em seu sofrimento. Diferente do culpar, não dá para se safar de uma situação dizendo: - "Ah, é o meu inconsciente"; exemplo disso é um analisando que sai da sessão dizendo que quer mudar a vida, em seguida liga dizendo que havia fraturado o pé e ficaria imobilizado por meses! Só se for meu inconsciente! É ele mesmo, meu caro, ou seja, você mesmo, e o seus desejos!
A Psicanálise se define pela ética do desejo, que é o avesso das psicoterapias. Isso não quer dizer que seja melhor, mas que é fundamental reconhecer as diferenças para haver colaboração efetiva entre os campos clínicos. Procurar um analista é querer saber qual é a melhor escolha entre as inúmeras possibilidades, fato que angustia. Quem está em análise vivencia os limites das escolhas, e descobre que para ganhar é necessário viver os paradoxos da perda, e que de nada vale se conhecer mais nem melhor, mas se defrontar com o impossível de tudo saber, frente ao qual só resta uma possibilidade: a de inventar uma solução e vivê-la, suportando o risco, e transformando a angústia imobilizadora em criativa e a rigidez em flexibilidade.