Setenta e três crianças e 22 adultos morreram por fome e doenças nos últimos 40 dias no campo de deslocados perto de Al-Fashir, capital de Darfur do Norte, cercada pelas forças paramilitares, informaram hoje (29) autoridades locais. A célula de emergência do campo de Abú Shuk indicou, em comunicado publicado na sua conta nol Facebook, que durante os últimos 40 dias foram confirmadas 95 mortes por essas causas. E alertou para a contínua deterioração da situação humanitária e de segurança, denunciando "ausência quase total de serviços básicos, principalmente água e comida, especialmente para famílias deslocadas que não têm acesso às cozinhas comunitárias, que deixaram de funcionar devido à falta de financiamento". Segundo a célula de emergência local, perdem-se "mais de oito vidas por dia sob essas condições catastróficas". "Alertamos também para um iminente desastre sanitário e ambiental devido aos corpos espalhados em bairros e ruas que não podem ser enterrados pela situação de segurança, provocando maus odores que se difundem por toda a cidade", denuncia a autoridade local, acrescentando que "as crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição severa e os idosos encontram-se em estado crítico" em "um colapso total dos serviços de saúde". "Nenhum paciente pode receber tratamento e nenhum ferido consegue encontrar assistência médica", explicaram os responsáveis, apelando à comunidade internacional e às organizações humanitárias para que "criem urgentemente corredores seguros para deslocar civis desarmados das zonas de conflito, com o objetivo de proteger aqueles que não podem suportar o custo de fugir ou o medo dos perigos existentes nas estradas". Por outro lado, as Forças Armadas sudanesas garantiram que nesse domingo (28) repeliram uma ofensiva das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) contra Al-Fashir, causando "grandes perdas" entre os paramilitares "tanto em equipamentos quanto em vidas". "Os restantes fugiram para fora da cidade, deixando para trás os seus mortos e feridos", disseram também no comunicado no Facebook. "Como é habitual após cada derrota, a milícia terrorista atacou civis em bairros residenciais com artilharia, deixando dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças", destacaram as Forças Armadas sudanesas, sem dar um número específico de vítimas nem confirmar se houve mortes devido a esses ataques por parte da RSF. O Exército também enviou hoje suprimentos para sua principal base em Al-Fashir - pela primeira vez em quase cinco meses -, diante da intensificação dos combates, de acordo com fontes militares citadas pelo portal de notícias sudanês Sudan Tribune, mas sem confirmação oficial, por enquanto, das autoridades do país. O conflito entre os militares sudaneses e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) eclodiu em abril de 2023 em Cartum, antes de se alastrar por todo o país. A guerra civil matou pelo menos 40 mil pessoas e deslocou cerca de 12 milhões, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Situação no Sudão do Sul se deteriora em ritmo alarmante, diz ONU Saiba o que disse o Brics sobre Ucrânia, Sudão, Líbano, Síria e Haiti