O documentário “Chang, a retomada” será exibido nesta sexta-feira (7), às 19h, Auditório Tufi Elias Andere, na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes. A sessão é gratuita e aberta ao público.

O filme resgata a trajetória de Chang Dai-Chien (1899-1993), um dos maiores nomes da arte do século XX, conhecido mundialmente como “Picasso Chinês”. O documentário teve sua primeira exibição em 30 de setembro, em Taiaçupeba, distrito onde o artista viveu entre 1953 e 1971 e criou o emblemático Jardim das Oito Virtudes, considerado sua “pintura tridimensional”.

A nova exibição é uma oportunidade para que os mogianos conheçam a passagem do pintor por Taiaçupeba, sua relação com os moradores e a influência da região em sua produção artística – capítulo pouco conhecido da história local.

Idealizado pelo escultor e artista plástico Fabiano Spike e realizado pela Trindade Cine, o documentário tem direção de Diego Freire e apoio da Itapeti Filmes. Fabiano, morador de Taiaçupeba, se interessou pela história do artista em 2015, quando a seca das represas revelou vestígios do antigo sítio de Chang e parte do Jardim das Oito Virtudes.

Desde então, ele passou a pesquisar a vida do pintor, os impactos das represas e a memória cultural do distrito. Em 2020, durante a pandemia, decidiu homenageá-lo com uma escultura de quatro metros de altura, inaugurada em 14 de outubro de 2023 às margens da represa, hoje marco cultural da região.

O documentário reúne imagens do sítio onde Chang viveu e depoimentos de moradores que conviveram com ele, como o jardineiro Zé Ferro, o vizinho Bastião Chinês, o médico Nobolo Mori, o jornalista Chico Ornelas, o artista plástico Nerival Rodrigues, entre outros.

O filme também revela histórias pouco conhecidas, como o fato de parte de seus documentos ter sido queimada após sua partida do Brasil, por desconhecimento de seu valor histórico.

Mais do que recontar a vida de um mestre da pintura, “Chang, a retomada” valoriza a memória de Taiaçupeba e reforça a ligação de Mogi das Cruzes com a história da arte mundial. A produção foi realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo.

O documentário

“Chang: o Picasso Chinês em Taiaçupeba” destaca a importância do legado de Chang no diálogo entre Oriente e Ocidente e como sua passagem pelo Brasil contribuiu para um estilo artístico único. O filme mostra imagens do antigo sítio, depoimentos de moradores e a construção do Jardim das Oito Virtudes, considerado a expressão mais simbólica de sua arte no país.

Quem foi Chang Dai-Chien

Nascido em 1899, na China, Chang Dai-Chien – também chamado de Zhang Daqian – é reconhecido como um dos pintores mais expressivos do século XX. Conhecido como o “Picasso Chinês”, teve uma carreira marcada pela experimentação e pelo diálogo entre técnicas tradicionais orientais e influências ocidentais. Viveu no Brasil entre 1953 e 1971, período em que consolidou sua fusão de estilos. Seu talento o levou a encontros históricos, como o que teve com Pablo Picasso, em 1953, na França.

Taiaçupeba e o Jardim Bade

Em seu sítio de seis alqueires, em Taiaçupeba, Chang construiu o Jardim Bade, também chamado de Jardim das Oito Virtudes, que reuniu lagos, pinheiros, bambus, flores e animais. Mais do que um espaço de contemplação, o jardim simbolizava sua visão artística e espiritual, tornando-se uma “pintura tridimensional” da vida do mestre. Chang e sua família viveram ali por quase 20 anos.

Com a construção das represas, o sítio e parte do jardim ficaram submersos, levando o artista a deixar o Brasil e retornar à China. Décadas depois, a seca de 2015 revelou vestígios da propriedade, reacendendo o interesse pela história do “Picasso Chinês” e motivando pesquisas e homenagens, como o documentário e a escultura criados por Fabiano Rodrigues.

Quem é Fabiano Rodrigues Spike

Morador de Taiaçupeba desde os 17 anos, Fabiano Rodrigues, conhecido como Fabiano Spike, é artista plástico e escultor com passagem pela Maurício de Sousa Produções e pela indústria de brinquedos ao lado de Wilson Iguti. Em 2020, no auge da pandemia, decidiu homenagear Chang com uma escultura de quatro metros. A obra foi concluída em 14 de outubro de 2023 e se tornou um símbolo de memória cultural e valorização do distrito.