A Câmara de Mogi das Cruzes deverá sediar, nos próximos dias, um encontro com representantes das Câmaras do Alto Tietê para a assinatura de um manifesto contrário à cobrança de pedágio nas rodovias Mogi-Dutra (SP-88) e Mogi-Bertioga (SP-98), administradas pela Concessionária Novo Litoral (CNL). A informação foi antecipada pelo presidente da Casa de Leis, Francimário Vieira, o Farofa, durante a sessão especial nesta terça-feira (4) referente à cobrança. Com a presença de lideranças da cidade e região e representantes de entidades, o plenário aprovou uma moção contra a implantação de praças de pedágio, e caso não seja possível, a isenção.
O documento faz um apelo ao governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e à Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) para que reavaliem a decisão de instalação dos pedágios. Após a leitura da moção, os vereadores se manifestaram individualmente, criticando a cobrança e pedindo, de forma geral, o cancelamento dos pedágios — em operação desde o último sábado (1º). Na tribuna, Farofa criticou o Governo do Estado e afirmou que o ato desta terça mostra a união de Mogi em torno do tema, com apoio inclusive de políticos de partidos da base do governador. “O governador sequer quis ouvir a nossa região", pontuou.
O vereador Mauro Araújo reforçou que o pedágio tem causado prejuízos diretos aos moradores e exemplificou com o caso de um conhecido que vive no condomínio Monte Rei e agora se vê “ilhado” por conta dos pórticos instalados. “Para ele comprar pão de manhã, gasta mais dinheiro pagando pedágio do que com o alimento. É um absurdo completo”, disse.
Já a vereadora Inês Paz defendeu a necessidade de união entre a população e o Legislativo: “Temos que fazer uma voz única para dizer não ao pedágio. Temos que ir para a frente do Palácio dos Bandeirantes. Quando o povo sai para a rua, ele derruba o que está sendo imposto. É preciso, sim, fazer toda a movimentação jurídica, mas as liminares caem. Então temos que ver outras formas. Essa sessão é importante para que ele (Tarcísio de Freitas) ouça.”
Também em tom de ampliar a mobilização, o vereador Edson Santos afirmou que houve falta de atenção do Governo do Estado com os políticos da cidade. “Nós, vereadores, precisamos ter uma audiência em São Paulo”, defendeu.
O vereador Marcus Furlan destacou os impactos da cobrança na mobilidade de quem precisa se deslocar diariamente para trabalhar ou estudar em cidades vizinhas. “Nossa cidade está cortada ao meio. Produtores rurais, comerciantes e pessoas que trabalham em cidades vizinhas estão sofrendo.”
A vereadora Priscila Yamagami chamou atenção para as dificuldades enfrentadas por parte da população para se adaptar ao sistema de pagamento eletrônico: “Pedimos que o governador que reconsidere esse pedágio. Triste que, além de tudo, temos que buscar a forma de pagar, temos que baixar um aplicativo. Pessoas que não conseguem acessar o digital, como é que ficam? Olha quantos prejuízos, quanta desconsideração com o nosso povo.”
Representantes
O Sindicato do Comércio Varejista de Mogi e Região (Sincomércio) esteve presente, representado pelo presidente Valterli Martinez, que apontou possíveis reflexos no setor. Segundo ele, a medida deve afetar entregas, mão de obra e reduzir em até 3% o volume de vendas do comércio local. "Com o pedágio nós vamos ter um reflexo ainda maior nas entregas, no fomento à mão de obra. Tudo isso vai refletir no comércio. Temos uma expectativa ruim. Vai sair muito caro para o mogiano pagar essa conta, que não é dele. Se é um projeto para o litoral, porque está sendo cobrado aqui, dividindo o bairro e de imediato impactando o comércio", declarou.
O presidente do Sindicato Rural de Mogi, Fábio Dan, lembrou que a mobilização contra os pedágios ocorre desde o primeiro anúncio em 2018. Ele alertou que, mesmo com tarifas menores que as previstas inicialmente, as cobranças terão impactos diretos no transporte de produtos rurais e indiretos sobre insumos, agravando os desafios econômicos da categoria. "Para o produtor, o transporte para distribuir os seus produtos vai aumentar significamente. São transportados por caminhões de vários eixos e o pedágio vai multiplicando. Indiretamente os custos dos nossos insumos, que vem de outras regiões, vai impactar também", disse.
A presidente da Câmara de Arujá, Cristiane Araújo, a professora Cris, também participou da sessão. Na tribuna, ela falou sobre os impactos da cobrança, que afirmou ser "abusiva" para os moradores da cidade. Ela adiantou que o tema estará em pauta na reunião da Frente Parlamentar Feminina do Alto Tietê, marcada para o próximo dia 13, em Arujá, e defendeu a união entre as Câmaras da região. “Queremos reunir todos os presidentes de Câmara para que a gente possa fazer um manifesto”, destacou. Também esteve presente no evento o presidente da Câmara de Salesópolis, Lourenço Júnior.
CNL
Na sessão, vereadores também disseram ter recebido relatos de mogianos que receberam a cobrança do pedágio duplicada ou triplicada nos últimos dias. A CNL não se manifestou sobre as cobranças e disse que, por estar no início da operação, divulgará posteriormente os balanços de viagens realizadas e pagamentos.
A empresa informou que está à disposição da população por meio da Ouvidoria, que pode ser acionada pelo e-mail ouvidoria@novolitoral.com.br e pelo telefone do SAC exclusivo para tirar dúvidas: 0800 098 88 55, ramal 2. Além disso, segundo a empresa, há informações sobre funcionamento, valores e forma de pagamento no site www.novolitoral.com.br