Em reunião realizada na manhã nesta quarta-feira (24), a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes recebeu moradores dos bairros Taboão, Manoel Ferreira e Biritiba Ussú para discutir falhas na distribuição de energia. O encontro foi mediado pelo presidente do Legislativo, Francimário Vieira (PL), o Farofa, e contou com representantes da EDP Brasil, concessionária de distribuição elétrica, e da Prefeitura. 

Além de Farofa, compuseram a mesa diretiva do evento Renata Faedda, analista de poder público da EDP Brasil, Alessandro Silveira, o Dodô, secretário municipal de Infraestrutura Urbana, Ionara Fernandes, secretária municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal, e Felipe Pimentel Araújo, supervisor de manutenção da empresa. 

Também prestigiaram o encontro os vereadores Inês Paz (PSOL) e Mauro Yokoyama (PL). Na ocasião, moradores do bairro Incra, no Taboão, reclamaram das constantes quedas de energia na região e solicitaram a mudança de parte da estrutura da rede para fora da área atual, que é de mata fechada. Por causa das quedas de árvores, os serviços são frequentemente interrompidos no local. 

“Choveu, a luz vai embora. Ventou, a luz vai embora. Moro ali há 22 anos, e nunca foi feita manutenção [poda das árvores]. Sugerimos a mudança da estrutura para fora da mata, a uma distância de 800 metros. Enquanto ela ficar nesse lugar, sempre teremos problemas. Por falta de poda, os fios encostam nos galhos e há árvores que estão dando choques.  Preciso de energia para oxigenar as águas da minha criação de tilápias. Já perdi muitos peixes por causa disso”, afirma o morador do Taboão Gabriel Rodrigues de Melo. 

Paulo Alves Correia, outro residente do Taboão, também está insatisfeito. “Tenho mais de 50 protocolos por falta de energia elétrica. Passamos Natal e Ano Novo sem energia. Perdi mantimentos e perdi festa de confraternização”. 

Rosa Cardoso, vizinha de Paulo e Gabriel, foi mais uma a registrar queixas. “Somente neste ano, já tive que comprar duas geladeiras. Perdi motores de água para irrigação de plantas, que queimaram. Trabalhamos na roça. Nossa situação é muito difícil para arcar com essas despesas”. 

Rogério Jonas reforçou as reivindicações do bairro do Incra/Taboão. “Há seis anos pago dois relógios sem usar. Tenho vários protocolos e também já fui pessoalmente na EDP. Nada resolve. Quando cai a energia, o serviço demora dois dias ou mais para voltar”. 

Vistoria em campo

 Diante das reclamações e da cobrança de Farofa, ficou decidido que será realizada uma vistoria no bairro do Incra, no Taboão, a partir das 9 horas da próxima terça-feira, 30. A inspeção contará com equipes da Prefeitura e da EDP Brasil. 

“Precisamos sair daqui com uma data definida. Já faz muito tempo que os moradores estão implorando por uma solução”, disse o presidente do Legislativo. Renata Faedda, analista de poder público da EDP Brasil, concordou. “O melhor é vistoriar in loco para verificarmos tanto a questão técnica da sugestão dos moradores [para mudar a infraestrutura da rede para fora da mata] como da parte de fazer a poda para garantir a segurança, já que há relatos de árvores dando choque”. 

Ionara Fernandes, secretária municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal, solicitou ajuda para conseguir autorização para entrar em áreas privadas. “Provavelmente, teremos de entrar em propriedades privadas para fazer a poda. Precisamos de autorização para fazer a poda e a manutenção nesses terrenos. Caso vocês conheçam os donos das terras envolvidas, peço ajuda para a gente intermediar essa negociação”. 

Biritiba Ussú e Manoel Ferreira

Diego Menezes de Lima conta que a situação também é crítica em outros pontos de Mogi das Cruzes. “Moro no Manoel Ferreira há 39 anos. O problema é o mesmo que acontece lá no Incra, no Taboão. Falta manutenção de podas. Na época de chuvas, ficamos até três dias sem luz. Perdemos eletrodomésticos e alimentos. Tenho várias reclamações, protocolos e queixas na Ouvidoria da EDP. Postos de gasolina e comércios sofrem muito. Na Estrada São Lázaro, onde moro, colocaram os postes da rede primária. Ficou faltando a secundária para fazer a iluminação pública. É um risco para crianças”. 

Alessandro Silveira, o Dodô, secretário municipal de Infraestrutura Urbana, disse que a Prefeitura vai analisar a área. “Vamos fazer um estudo lá para pedir um projeto de expansão da iluminação pública”. 

Felipe Pimentel, supervisor de manutenção da EDP, também assumiu o compromisso de ir até o bairro para avaliar a reclamação do morador. “A Estrada de São Lázaro recebeu operação de poda em conjunto com a EDP e a Prefeitura em fevereiro e em março. Vamos reavaliar lá se precisa fazer mais poda e o que pode ser feito na iluminação pública. Sobre a rede primária, houve instalação de posteamento lá para fazer a interligação com o pessoal de Taiaçupeba. Isso nos permitiu pontos de manobra. Assim, se falta luz em um trecho, essa rede primária vai atender o outro lado. Isso é feito com religador automático, da mesa de São José dos Campos”. 

Rui Araújo, analista de construção da EDP São Paulo, disse que há problemas de loteamentos irregulares na região que obstruem o avanço das ligações de energia em imóveis particulares. “Toda solicitação tem de seguir as normas da Resolução Federal 1.000. É necessário apresentar toda a documentação para instalação da rede secundária. Há um problema na região de Vila Moraes, Biritiba Ussú e Manoel Ferreira: ocorreram desmembramentos de algumas propriedades. Eram imóveis muito grandes, fazendas que foram desmembradas. Mas cada terreno requer uma documentação específica. Muitas vezes, apresentam a documentação da antiga fazenda, mas não do lote específico. Isso impede que a gente faça as ligações”.