Fabiano Rodrigues Jimbo Siva, conhecido como "Fabiano Spike”, cresceu com a arte como hobby e com o tempo descobriu diferentes materiais e técnicas indispensáveis para tornar-se artista plástico. Após trancar a Faculdade de Artes, sua grande escola foi a Maurício de Sousa Produções. Atualmente ele desenvolve uma escultura de 4 metros de altura em concreto, em homenagem ao pintor chinês, Chang Dai-Chen, reconhecido mundialmente. O homenageado viveu por 17 anos, no distrito de Taiaçupeba, onde criou o Jardim das 8 Virtudes, em Mogi das Cruzes, onde Fabiano também mora.
“Quando criança sempre tirava 10 nas aulas de arte, e foi meio que natural. Sempre levei a arte como um hobby, realizei a restauração das imagens da Igreja do Barroso, e então, em 2010, iniciei um curso de modelagem com Rick Fernandes, que me apresentou todos os materiais que existiam e algumas técnicas indispensáveis”, contou o artista.
Em sua carreira, Fabiano Spike também trabalhou com Wilson Iguti, considerado um dos maiores criadores de brinquedos dos anos 1980 e 1990, e na sequência conseguiu a vaga de auxiliar de escultura na Mauricio de Sousa Produções. Em 2020, ele iniciou o projeto em homenagem a Chang Dai-Chien, referência na pintura chinesa. "Antigo morador de Taiaçupeba, ele é apontado como o terceiro melhor do mundo, e na China, o melhor em 500 anos. Estou confeccionando uma escultura de 4 metros de altura em concreto, por iniciativa própria com apoio de amigos, porque Mogi nunca fez essa homenagem", disse. O trabalho deve ser concluído em outubro, mas ainda não tem o local definido para ser exposto.
Fabiano se considera um artista plástico. "Com qualquer material que você me apresentar, vou conseguir desenvolver alguma coisa. Na Mauricio de Sousa, nós trabalhávamos muito com isopor e EVA, e no projeto do Chang, estou utilizando ferro e concreto. Nunca havia trabalhado dessa forma, está sendo um aprendizado incrível. O concreto por ser barato, me inspirou a criar outras esculturas no futuro”, contou.
O artista afirma que sempre procura despertar o interesse por alguma causa coletiva, e envolver a interação das pessoas junto a sua arte. “Carrego nas minhas artes sempre um sentimento de justiça, uma forma de pontuar que precisamos fazer algo nós mesmos”, destacou.
Arte e história
Nascido na Zona Leste de São Paulo, ele está em Mogi das Cruzes desde 1997 quando o pai se aposentou. Fabiano Spike logo se encantou por Taiaçupeba. “Dizem que foi por eu ter bebido a água da bica. Existe uma lenda que diz que, se bebermos a água da bica, não saímos mais do distrito. Eu acho que, na verdade, nos conectamos com o distrito e passamos a admirá-lo por várias beleza, que precisam ser apresentadas”, salientou.
Em Taiaçupeba, ele começou organizando evento, foi presidente da Sociedade Ambiental de Taiaçupeba (SAT), atuou na restauração das imagens da Igreja do Barroso, e em campanhas de arrecadação de brinquedos. “Atualmente trabalho no projeto em homenagem ao Chang Dai-Chien, e em conjunto busco fazer um resgate de identidade do distrito, que após a construção da represa, vem perdendo cada vez mais sua identidade”, contou.
O artista revelou que está com algumas ideias para outros projetos no futuro, mas no momento está focado na homenagem, que celebra não apenas o gênio da pintura chinesa, como também, segundo ele, faz um questionamento quanto ao prejuízo histórico de Taiaçupeba e Mogi com a construção dos reservatórios.