Celebrado hoje, dia 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo é uma importante data para a difusão de informações e conhecimento a respeito do tema para a população, em uma ação que se estende em todo o mês do "Abril Azul". Segundo a Biblioteca Nacional em Saúde, do Ministério da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) consiste em uma alteração no neurodesenvolvimento, que pode interferir no processo de comunicação, linguagem, interação social e comportamento.

Em 2021, conforme apontou o órgão, foram atendidas em ambulatórios pelo Brasil cerca de 9,6 milhões de pessoas com autismo, sendo que 4,1 milhões eram crianças de até 9 anos. No Alto Tietê, em Mogi das Cruzes, a clínica Sinapses é referência em tratamentos de crianças com o transtorno.

A neuropsicóloga, doutora em pediatria e responsável pela clínica, Dra. Luciana Garcia, explica os graus em que os transtorno pode se manifestar, sendo eles o nível de suporte um, quando as dificuldades de socialização e fala são mais sutis; o dois, quando o paciente requer um acompanhamento mais frequente; e o três, "quando a pessoa possui sinais e sintomas que prejudicam bastante o funcionamento social, exigindo um nível de suporte bem maior".

A profissional aponta que, nos últimos anos, muitos estudos foram feitos para entender as causas do TEA. "Tivemos muitos avanços no que diz respeito à questão genética. A gente não sabe ainda a causa, sabemos que 97% é genética e têm mais de 100 genes sendo estudados neste momento que estão relacionados ao autismo", disse. Assim, a doutora destaca o campo de estudo de epigenética, que consiste em entender como o meio de convívio e circunstâncias externas afetam nas manifestações e/ou silenciamento de genes específicos.

"Isso significa que, embora a gente tenha uma questão genética, o que a gente vai fazer com essa genética importa muito. Tem 50% de importância que a gente pode modificar o curso da genética. A pessoa não vai deixar de ser autista, mas a gente consegue ensinar novas habilidades e comportamentos", esclareceu Luciana.

Diagnóstico

Outra melhoria importante na ciência se deu na precisão dos diagnósticos. "Hoje temos condição de fazer um diagnóstico muito mais precoce, o que antes a gente fazia por volta dos cinco anos de idade, hoje a gente já consegue fazer quando a criança tem um ano e meio ou dois anos. Por isso temos a impressão de que existe um aumento significativo nos casos de TEA", explicou a doutora.

Luciana lembra que o diagnóstico precoce aliado ao tratamento imediato é essencial para o desenvolvimento do paciente. "Sabemos que a criança pequena possui um cérebro muito mais plástico do que uma criança maior. Isso significa que a gente consegue moldar esse cérebro com muito mais facilidade. A gente aproveita esse período do desenvolvimento, que chamamos de período crítico, para mudar a parte funcional do cérebro e também a estrutura cerebral", destacou.

Desafios

Entretanto, apesar dos avanços científicos, a neuropsicóloga ressalta que ainda há muito despreparo para lidar com o assunto, tanto por parte de agentes de educação e instituições de ensino, que podem não possuir a didática necessária e instrumentos de inclusão, bem como por parte dos próprios médicos.

"Quando a criança tem um comportamento que chama mais atenção dos pais o primeiro profissional que eles procuram é o pediatra. Mas muitos deles a gente ainda escuta que 'cada criança tem seu tempo', mas sabemos que isso não existe", pontuou Luciana. Por isso, ela diz enxergar o Abril Azul justamente como uma oportunidade de conscientizar a sociedade, e faz um alerta para informações falsas que podem circular pela internet, além de "muito marketing de gente querendo ganhar dinheiro em cima de pessoas que estão vulneráveis".

Tratamentos

Na clínica Sinapse, conforme explicou Luciana, é utilizada a ciência ABA para fazer o acompanhamento das crianças e jovens com autismo, que consiste em focar em estímulos comportamentais, mas sempre considerando as especificidades de cada caso, para se montar um plano de intervenção adequado e eficaz para o âmbito escolar e clínico.

"A clínica oferece profissionais para esses atendimentos de acordo com a necessidade de cada um, como psicólogo, psicopedagogo, psicomotricista, neuropsicólogo, analista de comportamento, fonoaudiologia, terapia ocupacional, musicoterapia, arteterapia, além de projetos para as próprias mães que às vezes ficam muito estressadas com o excesso de terapia", destacou.

A clínica Sinapses fica localizada na rua Vereador José Silveira, na Vila Mogi Moderno, 517. O número para contato é (11) 4312-9343, e também é possível seguir pelo Instagram pelo @clinicasinapses. 

*Texto supervisionado pelo editor