O ataque registrado no início da semana na Escola Estadual Thomazia Montoro, no bairro Vila Sônia, na capital paulista, e a onda de denúncias de violência envolvendo alunos em escolas do Estado já reflete nas cidades da região, em especial Suzano, onde dez pessoas morreram em 2019 durante o massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil. Durante todo o dia de ontem (30) foi preciso reforçar a segurança na Escola Estadual Antonio Rodrigues de Almeida (Cruzeirinho) por causa de um recado na parede de uma das salas prometendo um novo ataque.

Alunos viram a mensagem na manhã de ontem e levaram o assunto para a direção da instituição. O teor do recado, bem como o autor do mesmo, não foram informados pela Secretaria de Estado da Educação. De acordo com a pasta, foram tomadas todas "as providências imediatas para tranquilizar a comunidade escolar, garantindo a segurança de alunos, professores e funcionários, sem interromper aulas. O boletim de ocorrência será registrado e autoridades de segurança pública estão no local".

Também foi alinhado com a direção da instituição que a Ronda Escolar estará nas proximidades da escola. "Vale ressaltar que dirigentes de ensino e autoridades policiais atuam em todas as regiões do Estado para conscientizar comunidades escolares e identificar qualquer tipo de ameaça. O Gabinete Integrado de Segurança e Proteção Escolar promove estudos permanentes sobre casos de violência nas regiões escolares, além de estratégias para conter ameaças e fomentar a cultura da paz", acrescentou a secretaria, em nota.

Segurança

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) registrou nas 48 horas posteriores ao ataque na Vila Sônia sete boletins de ocorrência com planos de adolescentes que pretendiam realizar atentados semelhantes. A suspeita da secretaria é que a divulgação pelos veículos de comunicação e redes sociais da ação tenha causado um efeito "contágio", e motivado outros alunos a repetir o ataque.

"Nós estamos trabalhando para identificar e coibir possíveis casos, porque esse é o papel do Estado. Entretanto, peço que cada um reveja a sua responsabilidade enquanto sociedade. Que a imprensa não reproduza exaustivamente as imagens das agressões e que a população não compartilhe em redes sociais", disse o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. 

Atenção

Para a jornalista, pedagoga e educomunicadora Suéller Costa, os ataques são um alerta para pais e comunidades escolares: "São crianças, adolescentes e jovens com suas histórias, nem sempre felizes; suas limitações, que podem ir além das físicas; dificuldades, dentre elas, as econômicas; e instabilidades, sobretudo, as sociais, e, inclusive, as emocionais. Sujeitos que carregam experiências, ora positivas, ora negativas. Isso porque vivem em ambientes turbulentos. As pessoas estão mais mal-humoradas, impacientes e agressivas, ocasionando conflitos, que, repercutem, inclusive, entre os educandos, que são o reflexo do que veem e vivenciam".