A cidade de Itaquaquecetuba deve ganhar duas mil moradias longe das áreas de várzeas do rio Tietê ao longo dos próximos quatro anos. O investimento em habitação foi anunciado pelo prefeito de Itaquaquecetuba, Eduardo Boigues (PP), ontem (2), de acordo com o estabelecido com o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanas), que visitou o bairro Vila Maria Augusta, local que ainda tem pontos de alagamento pelas chuvas dos últimos dias. O município registrou, depois das chuvas do carnaval, 1,5 mil desalojados. 

"A produção habitacional correta, em um ponto mais alto, é mais seguro em comparação à onde estão as famílias hoje. Ele (o governador) entendeu, se comprometeu a nos apresentar ao Marcelo Branco, o secretário de Estado de Habitação, para que a gente possa possa produzir, em média, aproximadamente, 2 mil unidades em Itaquaquecetuba, de uma maneira faseada, 500, por exemplo, por ano, e nos quatro anos de mandato dele, nós retiraremos quase todas essas famílias afetadas pelos alagamentos", afirmou o prefeito.

Para a construção dessas moradias, caberá ao município fornecer os terrenos ao Estado, o que segundo Boigues, será feito. "Nós já temos as áreas para indicar onde poderia ser essa produção habitacional. Então a prefeitura fica com a responsabilidade de ceder a área e o Estado fazer a produção habitacional, e aí acolher (o bairro) Fiorelo, Vila Sônia, Maria Augusta e também avenida Japão para que a gente possa fazer a desocupação", afirmou.

Questionado sobre o sistema de drenagem da cidade, ele afirmou que um projeto de micro e macro drenagem está sendo montado. O tema foi, inclusive, debate na reunião de anteontem (1) realizada junto ao Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).

"Quando nós estivemos com a Natália Resende, a secretária de Infraestrutura, Logística e Meio Ambiente, nós mencionamos a necessidade não só da micro, mas como também de uma macrodrenagem. Porque não adianta eu entender que existe um ponto de alagamento, eu tenho que saber de onde ele vem para solucionar. Pois, senão, eu coloco uma vazão maior aqui, ou uma tubulação ali, mas eu posso estourar em outra região para onde eu vou drenar essa água. No DAEE a gente entendeu que isso, não só para Itaquá, mas para toda a bacia hidrográfica do Alto Tietê, porque às vezes eu soluciono o problema de Itaquá, mas posso acabar prejudicando a cidade de Poá. Para ninguém se prejudicar, vamos fazer esse estudo regional", argumentou o prefeito.

Estado

O governador também afirmou que os problemas de alagamento na cidade precisam ser resolvidos por meio de novas habitações e que, somente o desassoreamento do rio Tietê não será o suficiente. Ele ainda descartou que abrir as comportas da Barragem da Penha acelerem o escoamento de água acumulada na região, como havia sido proposto pelo Condemat, e que tudo foi explicado pelo DAEE.

"Nós vamos fazer um grande programa de desassoreamento de rios, que ajuda, mas não é o suficiente. O que vai resolver é programa habitacional. Existem pessoas que moram na várzea do rio, e quando temos uma chuva de grande proporção como tivemos agora, o rio acaba se espalhando e haverá sempre o alagamento. A única solução para isso é levar as pessoas para áreas mais altas", explicou o governador.

Há também a necessidade de monitoramento, segundo Tarcísio de Freitas, para que as pessoas, mesmo depois de realocadas, não retornem para essas áreas, o que acaba ocorrendo. Segundo o governador, será solicitado ao município os terrenos disponíveis para construção de moradias para que a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) possa atuar. "É caro, leva tempo, mas é a solução", concluiu.

Geração de emprego

Para o deputado estadual André do Prado (PL), que também estava ontem (02) ao lado do governador e do prefeito, o problema requer soluções multifatoriais, que ultrapassam a limpeza dos rios e programas habitacionais.

"São ações conjuntas que vão fazer a diferença, como o social e geração de emprego. Hoje o governador está aqui, estamos falando sobre esses assuntos, mas estamos falando também de novos acessos na rodovia Ayrton Senna para a cidade de Itaquá, porque com esses novos acessos a gente destrava o trânsito, atrai mais indústrias, gera mais emprego, aumenta a arrecadação do município, e assim o município tem condições de atender as demandas da população, que são enormes", afirmou.

Antes da visita à Itaquá, o governador esteve na Barragem da Penha, em São Paulo, onde fez uma visita técnica com os prefeitos Guti (Guarulhos) e Rodrigo Ashiuchi (Suzano). Tarcísio de Freitas ainda fez um sobrevoo nas áreas de risco de Ferraz de Vasconcelos.

*Texto supervisionado pelo editor.