Potencializar ações que envolvam diferentes setores da administração municipal é um dos objetivos do Programa Mogi Cidade da Criança, que foi lançado no dia 1 de dezembro do ano passado pela Prefeitura de Mogi das Cruzes. A iniciativa, que resultou na criação da Coordenadoria da Primeira Infância, é voltada para crianças de 0 a 6 anos e deve fazer da cidade referência para outros municípios.
O trabalho na cidade vem sendo desenvolvido a partir de uma parceria da Prefeitura com a Fundação Bernard Van Leer, responsável pelo programa Urban95, uma iniciativa global com sede no Brasil. Ao todo são 24 cidades que fazem parte do programa e têm cooperado para o desenvolvimento da Primeira Infância. O secretário de Municipal de Planejamento e Urbanismo de Mogi das Cruzes, Cláudio Rodrigues, destaca mais detalhes da iniciativa nesta entrevista exclusiva ao Mogi News/DAT.
Mogi News/Dat: Como você definiria o Programa Mogi Cidade da Criança?
Claudio Rodrigues: Uma política pública que vai criar estratégias na educação, saúde, esporte, cultura, urbanismo e meio ambiente para que a cidade abrace uma nova perspectiva, que é a da criança olhando para a Primeira Infância. Entre 0 e 6 anos, é quando a criança ainda está se desenvolvendo, toda a parte cerebral e de desenvolvimento da criança está em formação. Quanto mais estimularmos as sinapses cerebrais desse desenvolvimento com um ambiente favorável, mais essa criança vai ser um adulto saudável.
MND: Uma das ações do programa é a criação do Comitê de Crianças para o Desenvolvimento Urbano Sustentável, como vai funcionar?
Rodrigues: Foram convidados todos os alunos de escolas municipais, estaduais e particulares, da faixa etária de 9 a 12 anos para a formação do Comitê, que conta com 24 crianças, sendo 12 meninas e 12 meninos. Eles começarão as atividades e reuniões em fevereiro. Essas reuniões serão coordenadas pelas secretarias de Planejamento e Urbanismo, Cultura e Educação. As crianças irão tomar conhecimento de todo o projeto voltado à Primeira Infância e vão participar.
MND: Como será essa participação?
Rodrigues: Vamos criar vários espaços destinados ao brincar das crianças, como o Parque Naturalizado (no Jardim Planalto). As crianças vão nos ajudar a definir esses espaços para que a política da Primeira Infância esteja em toda a cidade. Por isso, as 24 crianças foram sorteadas para o Comitê e vão representar, cada uma, no mínimo, um distrito da cidade.
MND: Como será esse trabalho?
Rodrigues: Através do olhar das crianças, vamos procurar, principalmente, a valorização dos espaços públicos. Então temos que estimular com as crianças o livre brincar. Hoje, as crianças ficam muito presas em casa, conectadas aos aparelhos eletrônicos. Não que seja ruim, mas não pode ser uma dependência. Já temos comprovado que a criança que brinca ao ar livre, que se conecta socialmente com outras crianças, fortalece, também, o seu desenvolvimento motor e criativo.
MND: Já vêm sendo desenvolvidas ações na cidade?
Rodrigues: A gente fez, no final do ano, no Jardim Aeroporto, um projeto chamado 'Espaço de Brincar', que foi construído a partir da escuta das crianças da Escola Florisa Faustino Pinto e de três creches que temos naquela região. Elas foram ouvidas, fizeram desenhos, maquetes do que desejavam para o bairro e a partir disso, desenvolvemos um projeto de intervenção, criando o primeiro espaço de brincar de Mogi. Assim como o Parque Naturalizado, que está sendo implantado no Jardim Planalto e deve ser entregue no primeiro trimestre. O espaço está sendo construído numa grande área e deve ser expandido para outros locais da cidade.
MND: Para este ano, o que está previsto?
Rodrigues: A gente tem o objetivo de, em Jundiapeba, criar um espaço dentro dos prédios (local conhecido como 'predinhos'). É uma das áreas mais vulneráveis de Mogi, que tem uma grande carência, onde estamos desenvolvendo desde o ano passado um processo de escuta com as crianças e com os pais. Estamos criando todo um processo de brincar nas áreas comuns dos prédios. Devemos entregar esse novo espaço de brincar entre março e abril. Estamos no primeiro bloco de prédios e vamos fazer em todos. Já é uma extensão e conexão do projeto da Escola Viva, que a gente está construindo em Jundiapeba.
MND: A iniciativa pode se tornar referência para outras cidades, principalmente com o prefeito Caio Cunha (Pode), se tornando presidente do do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat)?
Rodrigues: Nesta semana, os prefeitos da região estiveram em Cuba, num evento da Unesco, onde cada prefeito falou sobre um assunto da sua cidade, e o Caio foi convidado para falar justamente sobre a política pública para Primeira Infância. Eu faço parte da Câmara Técnica de Urbanismo do Condemat e isso certamente vai ser uma estratégia para que a gente possa, também, avançar com essas políticas públicas a nível regional.
*Texto supervisionado pelo editor.