A Campanha Novembro Azul, voltada à prevenção de cânceres masculinos, como o de próstata, e à conscientização da importância do autocuidado entre homens, termina no próximo dia 30, mas o tema merece atenção ao longo do ano. O câncer de próstata é o segundo câncer mais frequente em homens no Brasil, perdendo apenas para o câncer de pele, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O Mogi News/Dat destaca hoje a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento, além do depoimento de homens que vivenciaram a descoberta de um câncer.
As doenças e o diagnóstico
Segundo o Inca, a estimativa é que o Brasil registraria 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano de 2020 a 2022. O valor representaria 62,95 casos novos a cada 100 mil homens. No Brasil, 29,2% dos cânceres masculinos são de próstata. Em terceiro lugar estão os de cólon e reto, com 9,1%; seguido por pulmão, 7,9%; estômago, 5,9% e na cavidade oral, 5%.
Entre os principais fatores de risco para o câncer de próstata, de acordo com o Inca, estão a idade: a cada dez indivíduos diagnosticados com a doença, nove têm mais de 55 anos, além do histórico familiar, aumentando as chances para homens cujo pai ou irmão tiveram câncer antes de completar 60 anos, e o excesso de peso, seja por sobrepeso ou obesidade.
Para o médico oncologista Rafael Zapata, do Centro Oncológico de Mogi das Cruzes, a saúde preventiva é fundamental, podendo aumentar a longevidade masculina. "A gente sabe que os homens tendem a cuidar menos da saúde, em relação às mulheres. Só no Brasil os homens vivem 7 anos a menos do que as mulheres", disse.
O médico explicou que os cuidados com a saúde do homem devem ser regulares, incluindo acompanhamento médico de rotina, aferição da pressão, cuidados com diabetes, problemas cardiovasculares e colesterol: "Diagnosticar no início para ser tratado de imediato. Não só da parte oncológica. E quando a gente fala da parte oncológica, ser diagnosticado logo no início ajuda a ter maior chance de cura e tratamentos menos agressivos".
De acordo com Zapata, os casos diagnosticados no início têm mais de 90% de chance de cura, o que diminui significativamente com um diagnóstico tardio. "Aí seriam remédios para tentar controlar o crescimento do tumor, mas se estiver muito avançado, a gente não pode mais falar em cura", esclareceu o médico.
Sobre o exame de toque, assunto que gera dúvidas e inseguranças em muitos homens, o oncologista esclarece que o procedimento "é simples, rápido e não traz riscos a saúde". Zapata explicou que este não é o único exame realizado, existindo também exames de sangue e alguns exames de imagem, como o ultrassom.
Os tratamentos atuais, segundo o médico oncologista, são personalizados, considerando a idade do paciente, suas comorbidades e o tamanho do tumor, o que possibilita a individualização e eficácia do tratamento.
Um dos problemas que podem ser enfrentados em alguns tipos de câncer masculino é a incontinência urinária, mas, segundo a fisioterapeuta Roseli Leal Vida Campos, é possível auxiliar o paciente oncológico com o problema."O tempo de tratamento da incontinência depende do grau de comprometimento dos músculos do assoalho pélvico, mas, em aproximadamente, seis semanas é possível notar os primeiros resultados", disse.
Câncer não tem idade
Thiago Batalha, de 36 anos, chefe de divisão do gabinete da vice-prefeita de Mogi das Cruzes, Priscila Yamagami Kähler, teve os primeiros sintomas da doença há cinco anos. Uma forte dor de garganta o levou a buscar orientação médica, por três vezes seguidas, no final do ano de 2017.
"Quando foi dia 4 de janeiro (2018) eu tive um sangramento na garganta. Nisso eu já estava pesando 45 quilos. Eu estava muito magro porque não conseguia comer direito", relatou. Outros sintomas vivenciados por ele foram suor noturno, calafrio e inchaço na perna direita.
Thiago buscou a unidade de saúde do Jardim Universo, onde foi atendido por um médico que o encaminhou para um especialista por meio de uma carta de urgência. Uma semana depois ele conseguiu um horário com um médico otorrinolaringologista. "De cara ao fazer o primeiro exame (ele) já disse que eu tinha sintomas de CA (câncer)". Quarenta dias depois, ele recebeu o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin. O tratamento começou em março daquele ano.
Além de ter que lidar com a doença e com os sintomas da quimioterapia, o chefe de divisão teve dificuldade de falar sobre o assunto com a família. "Eu precisava contar para os meus pais, mas eu não tinha coragem. Aí chegou próximo do Dia das Mães, era o dia que minha mãe vinha pra Mogi, e eu contei", disse.
Com o apoio dos familiares e o tratamento, após um ano e um mês de quimioterapia, em abril de 2019, Thiago realizou a última sessão de quimioterapia e teve a remissão da doença. "Foi muito difícil, muito doloroso, mas Graças a Deus eu nunca mais tive nada, Aquele me que curou, que é Deus, fez o serviço por completo", afirmou.
Fé como motivação
O diácono Geraldo Tomaz Augusto, 69, recebeu o diagnóstico de câncer de cólon em 22 de setembro do ano passado, mas conta que já apresentava os sintomas desde 2020, um mês depois de contrair o vírus de Covid-19. Devido à pandemia, o diácono não conseguiu agendar o exame de colonoscopia naquele ano.
"Quando você recebe o diagnóstico, você fica muito impactado. A ideia que se tem é que a gente vai morrer", contou o diácono. A cirurgia para o tumor, que se encontrava no cólon transverso, foi realizada em 17 de dezembro de 2021, e o tratamento com quimioterapia foi iniciado em 22 de março deste ano.
Para Geraldo, a fé, o apoio familiar e da comunidade da qual faz parte - a Paróquia Imaculado Coração de Maria, no distrito de Braz Cubas - e a alimentação saudável são fontes de força e motivação constante. "A fé é fundamental. Eu divulguei que estava com o problema e precisava de apoio, de oração. Muitos vieram me visitar", contou.
Tomaz Augusto enfatiza a importância do diagnóstico precoce, relatando que mesmo tendo demorado para realizar os exames, ele não necessitou utilizar uma bolsa de colostomia no período pós-cirúrgico, já que a ação médica foi rápida.
A todos os homens que ainda têm receio em procurar ajuda médica, o diácono deixa uma mensagem: "Deixe o medo de lado. Você não está sozinho. Tem muitos colegas que estão nesse tratamento de câncer e quanto mais cedo você se diagnosticar, mais cedo você terá a cura", concluiu.