Até a manhã desta segunda-feira (29), o Sistema Produtor Alto Tietê (Spat) havia recebido apenas 62,6% da chuva prevista para todo o mês de dezembro, conforme dados da Companhia de Saneamento Básica do Estado de São Paulo (Sabesp). Desde o dia 1º, os reservatórios registraram o acumulado de 111 milímetros de precipitação, volume que permanece abaixo da média histórica para o período, que é de 177,3 mm.
O baixo índice pluviométrico e o calor intenso seguem refletindo no volume total do sistema: embora tenha subido ligeiramente no último mês — passando de 19,5% no dia 29 de novembro para 19,7% da capacidade nesta segunda — o patamar continua entre os piores dos últimos dez anos.
Nos últimos 30 dias, a maior parte das represas que compõem o Spat teve pequena recuperação. A maior foi registrada na represa de Biritiba, localizada na divisa entre Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim, que saltou de 23,4% para 27,2% do volume no período, uma alta de 3,8 pontos percentuais. Em Taiaçupeba, também em Mogi, o volume subiu de 16,1% para 18,5%, aumento de 2,4 pontos percentuais no período. Já em Salesópolis, a represa de Paraitinga passou de 18,5% para 19%, alta de 0,5 ponto , enquanto Ponte Nova, na divisa com Biritiba Mirim, oscilou de 21,4% para 21,8%, subindo 0,4 ponto percentual.
Na contramão do restante do sistema, a represa de Jundiaí, em Mogi, apresentou queda. O reservatório, que operava com 13,4% há um mês, recuou para 8,7% nesta segunda — uma redução de 4,7 pontos percentuais. Atualmente, este é o índice mais baixo no Spat, responsável pelo abastecimento de cerca de 4 milhões de pessoas na zona Leste de São Paulo e municípios da Região Metropolitana.
Pior volume
Embora o balanço dos últimos 30 dias aponte uma alta de 0,2 ponto percentual no Spat, os dados diários revelam instabilidade. O índice chegou ao seu pior nível no dia 12 de dezembro, quando atingiu apenas 18% da capacidade — o menor volume registrado desde dezembro de 2015. Após uma sequência de altas, o sistema chegou a atingir 20,9% nos dias 20 e 21 (sábado e domingo), mas caiu para 19,7% nesta segunda-feira (29).
Consumo em alta
A situação crítica do Spat é agravada por uma intensa onda de calor que, segundo dados da Sabesp divulgados pelo Governo do Estado, elevou em até 60% o consumo de água na Grande São Paulo. A estiagem prolongada e o aumento repentino na demanda seguem afetando o nível do Sistema Integrado Metropolitano (SIM), que opera atualmente com 26,42% de sua capacidade total. Diante desse cenário e da tendência de chuvas abaixo da média para janeiro, a gestão estadual reforçou a necessidade de uso consciente para evitar o risco de desabastecimento.
Atualmente, a região já opera sob um modelo de gestão que estabelece sete faixas de criticidade, e São Paulo encontra-se hoje na faixa 3. Isso determina a redução da pressão na rede por dez horas diárias, entre 19h e 5h. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), caso os índices avancem para as faixas mais graves (4, 5 ou 6), os períodos de restrição podem ser ampliados, chegando a 16 horas. Em um cenário extremo, classificado como faixa 7, o estado prevê a adoção de rodízio de abastecimento.
Para auxiliar na preservação dos mananciais, a orientação do Estado é que o consumo seja priorizado para higiene pessoal e alimentação. Mudanças simples de hábito, como reduzir o tempo de banho de 15 para 5 minutos, podem gerar uma economia mensal de 9 mil litros para uma família de três pessoas. Outras medidas recomendadas incluem manter a torneira fechada ao ensaboar a louça, reutilizar a água da máquina de lavar para a limpeza de áreas externas e substituir o uso de mangueiras por vassouras na limpeza de quintais e calçadas.
Cidades
29/12/2025 às 15:41
Spat recebe quase metade da chuva prevista para dezembro e nível segue entre os piores
Por: Fábio Palodette
Reservatórios do Alto Tietê acumularam apenas 62,6% da precipitação esperada para o mês
Represa de Taiaçupeba operava com volume de 18,5% nesta segunda-feira (29)
Foto: Divulgação